segunda-feira, 30 de outubro de 2006
Muita garganta
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Aún hay lodo en el muelle *
Evidentemente, digo isto sem esquecer que, embora com versões e correcções para todos os gostos e feitios, um ministro do actual Governo, Mário Lino, se declarou iberista, com a força política que as palavras ganham quando ditas por um governante.
Em boa verdade, nem para outro fenómeno queria eu alertar, quando sublinhei, no último congresso do PSD, que a Espanha está a conseguir por modo pacífico o que nunca conseguiu pela via agressiva, ao longo de uma história vicinal. Basta olhar o sector energético, a moda, e por aí em diante…
Vamos então conservar a bola a meio-campo e tentar perceber se é de atacar ou tempo de jogar à defesa…
Desde logo, arrasa quem começa por comparar os níveis de vida. Os vizinhos do lado ganham (muito) mais e gastam (muitíssimo) menos a atestar o depósito e a encher a despensa. Aliás, não há muito tempo, jantava nas cercanias do museu em que acabara de ver uma soberba exposição denominada “Rusia!” (Rússia) - falo do Guggenheim de Bilbau – e sou interpelado pela constatação de um amigo que me alertava para o quão caros achava os bocadillos, as tapas e todas aquelas comidas às prestações que fazem nuestros hermanos lamber os beiços… Como se tomado por um ataque de clarividência, cerce desmistifiquei o veredicto; bastou chamar a sua atenção para o facto de as mesas povoadas por espanhóis (todas, excepto a nossa, tanto quanto pude aperceber-me) estarem cheias de pratos e pratinhos. Resignados, concluímos que nós é que estamos (comparativamente, pelo menos) bem mais pobres…
Em segundo lugar, não falta que diga que muito do que podemos legislar ou fazer é, já hoje, ditado por Bruxelas, pelo que sermos uma província autónoma do país de Zapatero em nada apoquentaria, já que seremos, cada vez mais, uma província federada da União Europeia. A vantagem, na óptica dos cultores desta linha de raciocínio, era colhermos as prebendas de Madrid, numa espécie de epitalâmio que nos levaria a votar para o inquilino da Moncloa (sede do governo espanhol) - a residência de São Bento seria para o presidente da junta autónoma, calculo.
Por fim, os adeptos do casamento ibérico assestam baterias contra o alegado provincianismo alheio, afirmando que o discurso “patrioteiro” de muitos políticos nacionais tem a ver com o receio de perderem os lugares e sinecuras, dada a mediocridade reinante e a dimensão do “mercado político” numa escala peninsular. Este argumento, em meu entender, é o mais fraco de todos, já que, se é verdade que grande parte da geração que domina a política actual faz tudo para se agarrar o lugar, o receio tem mais a ver, salvo melhor opinião, com o facto de muitos se terem vindo a eternizar sem acautelar um lugar profissional de recuo. De facto, parece-me que a maleita magna da nossa vida pública é geracional e explica-se com as oportunidades de carreira do pós-revolução.
Entrando na contra-argumentação, faz-me confusão pensar que milhares de portugueses morreram em batalhas, navegaram para mundos desconhecidos e criaram pérolas do saber em vão. Não estou preparado para entregar de graça algo por que tantos pereceram e a que outros consagraram uma vida.
Acresce que estou em crer que nem o clássico “mercador de Veneza”, que queria cobrar a onça de carne ao devedor, trocaria a pátria por uma viagem mais barata a Lisboa ou mais sumos no armário.
Sendo algo de idiossincrático confesso que nem sei bem explicar a certeza de que não quero ser algo senão português; mas disso estou bem seguro.
Há, porém, algo em que ambos os lados da barricada estão irmanados: a necessidade de preservar com muito mais vigor a nossa identidade cultural. Até os que vêem bom vento e bom casamento a vir do quintal vizinho vão dizendo que sempre seríamos autónomos na língua e cultura. Eu, na minha insignificância, já venho dizendo que é com cultura que se defendem as fronteiras actuais, de há muito a esta parte.
Correndo o risco de desagradar a todos, sublinho que não vejo que os nossos decisores o saibam, de tão ridículos que continuam a ser os orçamentos para a cultura. Talvez seja assim que, um dia, um destes posts venha a terminar com um “hasta la vista”!...
segunda-feira, 23 de outubro de 2006
Por que é que falei bem do Ministro?!?!
domingo, 22 de outubro de 2006
O SIM e o NAO...
Quando, foi feito o referendo ao aborto, não me deixaram votar. Apesar de ser cidadã portuguesa, maior, e com gozo pleno dos meus direitos, ainda não tinha cumprido os 6 meses sabáticos pós-recenseamento.
Apesar de vir de uma ala política que critica a interrupção voluntária da gravidez, a minha opinião pessoal não é coerente com as minhas escolhas políticas...
Nem sempre a política e a nossa consciência andam lado a lado... podia ser pior... sou simplesmente uma desalinhada!
Não posso dizer que conheço a "realidade" dos abortos clandestinos em portugal como a palma da minha mão... Mas consigo imaginar, consigo pensar nisso... Não é muito dificil!
Olho à minha volta e imagino a quantidade de mulheres que já fizeram uma interrupção voluntária da gravidez, de forma ilegal, nem sempre nas melhores condições. Quantas mulheres não terão ido a Espanha?!? Quantas mulheres não o fizeram em caves e garagens?! Quantas não terão ido parar ao hospital com lesões graves depois de um aborto?!?
Os abortos fazem-se na mesma: quer sejam de forma legal ou ilegal. Então porquê fechar os olhos, fingir que isso não existe?
Existe hoje, e vai existir sempre. Claro que os movimentos "pró-vida" viram sempre com a mesma demagogia da prevenção, da educação sexual... Está visto que isso não funciona.
Não acredito que nenhuma mulher faça um aborto de forma tranquila, que não fique marcada. E esse é o maior "castigo" que se lhe pode aplicar. Não há ameaças de pena de prisão que marquem mais do que o próprio aborto em si,
Lembro-me do dia em que o referendo teve lugar... Estava um dia de sol fantástico, as praias estavam cheias... Pleno verão.
As sondagens davam uma vitória inequívoca à despenalização. E sim, sabemos que a sociedade portuguesa é receptiva à despenalização. Contudo, houve uma minoria que não se deixou ficar a "trabalhar para o bronze". Que se levantou e foi às urnas e que marcou uma posição. Cidadãos cujo voto tem igual valor àqujeles que acharam que a vitória estava garantida. Cidadãos que merecem ser respeitados. Se quem era a favor, se desleixou, tem de arcar com as consequências.
Só entendo que o aborto deveria ser despenalizado por não ser uma questão política, por ser uma questão de consciência pessoal. Era o que mais faltava que o Estado pudesse escolher por mim, por exemplo, aquilo que como!
Se quem está no poder e na Assembleia da República, e quer ver esta questão alterada, deveria ter a coragem para fazê-lo por si só, em vez de atirar o ónus dessa decisão para os portugueses.
Porque apesar de ser a favor da despenalização do aborto e por ser a favor de que as mulheres tenham condições para realizar este tipo de intervenções, mas sobretudo, por ser contra os lobbies instalados de médicos/enfermeiros/parteiras que se aproveitam do estado de necessidade e pânico de uma pessoa - que deve estar desesperada - para lhe "sacar" umas centenas de euros...
Mas não posso deixar de respeitar os portugueses, cujo voto vale tanto como o dos outros portugueses (aqueles que ficaram ao sol), e que tiveram a coragem de expressar a sua vontade.
Estou num paradigma!
sábado, 21 de outubro de 2006
Afinal tudo tem uma explicação...
«Tem a ver com a questão das transições...Quem determina o jogo é a bola. Quem tem a bola ataca e a equipa que não a tem, tem de defender. É esta transição que nos tem penalizado e nos leva a derrotas por valores anormais.», explicou Fernando Santos.
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Conceitos
Hoje e cada vez mais, com a homogeneidade existente no mercado, o “truque” está em encontrar conceitos que vão de encontro às necessidades daqueles com quem há o interesse de interagir. O foco no consumidor é seguramente uma necessidade e não uma decisão altruísta.
A prová-lo está a IBM, que não vende material electrónico nem software, mas sim soluções informáticas para problemas de gestão. Ou então a Danone, que vende corpos Danone e não iogurtes; a Disneyland, que oferece divertimento para famílias, não está no negócio dos parques temáticos; ou mesmo uma qualquer empresa que não quer ser conotada com a venda de parafusos, mas sim com suportes de afixação (pudera, meter-se com os chineses!).
Enfim, estamos cheios de exemplos no mercado…
Mas o conceito que aqui me apraz referir, é relativo à matemática, bicho de muitas cabeças para os jovens lusitanos.
Rompendo com os clássicos centros de explicações, surge a era dos ginásios da matemática (como ilustra a foto).
Estou mesmo a ver uma conversa de final de dia entre dois alunos de uma qualquer escola secundária:
- Oh pá, vamos ao ginásio?
- Ok. Vamos lá que preciso de exercitar um pouco as equações de 2º grau.
Ou então:
- Espera por mim que vou a casa buscar o material para irmos ao ginásio.
- Vai lá que enquanto não chegas vou fazendo uns exercícios.
Brincadeiras à parte, o conceito é interessante e de apostar, até porque parece-me bem mais motivador.
De notar é que estes ginásios são privados, o que equivale dizer: é só para quem pode.
Ah, ganda Lello!!!
terça-feira, 17 de outubro de 2006
Por isso sai... sai da minha vida!
Trata-se de um indivíduo que não aparece e, quando diz alguma coisa, exige a retirada total e imediata das forças americanas do Iraque. Concordando ou não com a tomada de posição do Bush Jr. no Iraque, a verdade é que a retirada apenas iria dar início à guerra civil... e afirmar o contrário disto é pura demagogia.
Mas mais importante que a ausência de ideias e de activismo da parte do senador Kerry é o facto do Partido Democrata ter pelo menos dois candidatos muito melhor qualificados e que têm demonstrado uma oposição séria e responsável à administração Bush: refiro-me ao Al Gore e à Hillary Rodham Clinton.
O John Kerry teve a sua oportunidade e perdeu. Se tivesse feito uma boa campanha, se tivesse feito uma oposição credível e com visibilidade, se tivesse demonstrado que afinal é um político dinâmico, capaz de inspirar milhões com as suas palavras, então eu seria o primeiro a defender que, à boa maneira americana, lhe dessem uma segunda oportunidade. Mas não foi o caso e, apesar de não ser americano, julgo que os cidadãos do mundo têm direito a ambicionar alguém melhor para liderar a maior potência global. Nem todos nasceram para ser Presidente e o Kerry, caso concorra, irá perceber isso logo nas primárias.
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
O circo veio à cidade
Estrela decadente
And now... for something completelly different
Enquanto estava em Lisboa fazia todos os dias o mesmo percurso: casa-escritório, escritório-ordem, ordem-escritorio, escritorio-casa... Claro que como a rede de metro, em Lisboa, é fantástica, decidi torná-lo o meu transporte de eleição.
E às 8h50 da manhã, lá entrava eu em Carnide (ou Telheiras) para chegar às 9h10 ao Marquês de Pombal. Só voltava a apanhar o metro de regresso depois das 19h15...
Achava que trabalhava imenso, que ficava estourada... que trabalhava horas a mais!
Um dia parei para pensar...
Havia um senhor, que todos os dias estava na escadaria do metro, na minha saída... Figura esguia, cara magra. Não consigo precisar a sua idade, mas era velho. Todos os dias, aquele homem estava no mesmo sitio: fim das escadas, no sitio em que a estação já não é coberta, encostado à parede, junto a um corrimão. Apoiava a cabeça nessa parede... olhar parado, perdido no vazio, expressão triste, marcado por uma vida amarga, sem fitar ninguém. Não estava mal vestido, mas a roupa era sempre a mesma, toda azul marinho, sóbria, assim como a “tacinha” laranja que tinha sempre junto de si, à espera que alguém se lembrasse dele. Ficava assim todo o dia (posso dizê-lo, cheguei a ter de sair do escritório a horas desencontradas e ele estava sempre ali, nem sequer saía para o almoço!). Acho que não reparava em ninguém, não sei se alguém repararia nele. Seria quase impossível não reparar, mas às vezes as pessoas andam tão perdidas nas suas vidas... não é por mal, acontece! Desde manhãzinha (quiçá madrugada) até à noite, ele não saía dali... praticamente nem se mexia. Fizesse chuva, sol, vento, calor, frio... ele não saia dali. Naquela escadaria desabrigada não havia faltas para ir ao médico, para ir de férias, para saír mais cedo. "Trabalhava" mais do que eu, mais horas, em condições muito piores... e não tinha ar de quem se queixasse.
Talvez gostasse de conversar: havia um dia da semana (talvez sexta-feira, não consigo precisar) em que tinha uma companhia e falavam. Ela falava com ele. Gorda, cabelo desanrajado, saia ligeiramente abaixo do joelho, vermelha, sapatilhas velhas, sujas e gastas e umas meias tipo soquettes que lhe deixavam as canelas expostas. Deviam ter assuntos e vivencias em comum… a vida tinha sido dura para os dois.
Lembrei-me dele na noite anterior à véspera de Natal... pensei onde iria estar, com quem iria estar. No dia 24, antes de fazer as últimas compras passei pela escadaria, para tentar dar-lhe um Natal melhor. Não estava lá. Nunca imaginei como aquela escadaria ficaria tão vazia sem ele. Nunca imaginei sentir assim a falta dele. Fiquei uns segundos parada a pensar... onde estará? O que faço com as coisas que lhe trouxe (que estavam devidamente embrulhadas e com laços bonitos)?
Durante 2 ou 3 dias ele faltou... E aquela falta angustiou-me! Achei que me teria lembrado dele tarde de mais. Fui inundada por um sentimento de culpa arrasador, afinal de contas, fazia aquele percurso desde meados de Setembro e nunca tinha tido coragem para o abordar...
Nessa semana ele voltou. a minha consciência sentiu-se mais aliviada.
Hoje já não passo por lá, já não sei se ele ainda lá está. Vou pensando nele...
Aprendi a não me queixar tanto!
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Socialismo?!? O que é que é isso?!? Algum chocolate novo?
É, por isso, compreensível que cada vez que vou ao estrangeiro não me apeteça voltar...
Chego a casa, depois de ter estado um dia inteiro a trabalhar (DE BORLA!!!! - estágio profissional!) e olho para a TV. Está tudo histérico por causa do acordo do Governo com o MIT... Aparecem uns tristes (sim, com "i"...), em bicos dos pés, para terem 5 minutos de fama com uma universidade americana.
Mas será que alguém acha que somos nós que vamos lucrar com o projecto?!?
Bem, o pior cego, é aquele que não usa bengala!!!
Será que, de repente, alguém se esqueceu que os americanos nunca assumem o papel de ajuda humanitária num conflito?!? Ficam sempre com a parte tecnológica... Wonder why...
E ver o Primeiro-Ministro todo inchado...
Resta-me dizer(-te):
José Sócrates, julgo que não suportavas o medo da felicidade!
Agitar antes de abrir...
Há uma pessoa que admiro muito, de quem me lembro sempre, e por quem tenho o maior (e melhor!) dos carinhos...
Uma pessoa tão encantadora que só me vê qualidades - e, confesso, que defeitos tenho de sobra!!!
São essas pessoas que nos fazem os convites mais aliciantes, mais inesperados, mais aterrorizadores... porque têm uma expectativa muito grande sobre nós, daquelas que nos fazem cortar a respiração, que nos fazem pensar: "mas eu não sou capaz"!
Espero não te desiludir neste desafio que me lançaste, porque sabes que nunca me perdoaria se o fizesse.
(Neste momento lembro-me de uma das minhas frases preferidas...)
"Pedras no caminho?!? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Obrigada, Gonçalo!
Olá a todos!
Mister Machado deu a táctica, Capitão entrou no terreno de jogo
Não podia, no entanto, deixar de aproveitar a ocasião para mostrar aqui no “lodo” a tua “pinta” de jogador da bola, num estádio, cuja “estrutura foi muito bem montada, especificamente pensada para a prática do futebol”...
Como dizes, quem lá está sabe o que faz e parece-me que muito bem. Os resultados, certamente, surgirão com o tempo.
Trevas do vento que passa
Alguém falou em socialismo?
terça-feira, 10 de outubro de 2006
Dar a táctica
Edição revista e aumentada
- No caso norte-coreano, a realidade evolui para a condenação internacional, com os paninhos quentes chineses que previramos. Declarações anónimas proferidas em Pequim e atribuidas a um alto dignitário de Pyongyang dão conta de uma ameaça de uso de arma atómica se houver aplauso para a mão pesada proposta por Washington. Cá por mim, entendo que a elasticidade da estupidez terminará no ponto actual, já que o fito de mater o regime ditatorial (a Coreia do Norte não tem, nem podia ter, objectivos expansionistas) deixará de fazer sentido se o País for arrasado.
- Já no que aos posts sobre prostituição diz respeito, registe-se que o assunto merece a atenção do Presidente da República, no seu "Roteiro para a Inclusão". Sublinha-se a resistência ao sensacionalismo, procurando destacar os aspectos positivos na abordagem do fenómeno (seria bem mais fácil um "número de circo", na rua... Mas, enfim, o soarismo já lá vai...).
sábado, 7 de outubro de 2006
Who cares?
Cada vez mais nos deparamos com constantes apelos à consciência ambiental de cada um. Já é mais que sabido (ou deveria ser) que a protecção do ambiente está nas nossas mãos, e que todos nós devemos contribuir para um mundo melhor. Para tal não é preciso muito esforço. Basta começar com gestos simples como separar o lixo e colocá-lo em ecopontos, reutilizar os sacos das compras, poupar energia (ex: não deixar a TV em stand-by nem deixar as luzes ligadas desnecessariamente), enfim…pequenos gestos que muitas vezes só não fazemos por preguiça ou falta de atenção. De facto nem todos têm em conta estas pequenas atitudes pró-ambientais, mas creio que grande parte das pessoas reconhece a sua importância e admite que o deveria fazer, principalmente os jovens.
Qual não foi o meu espanto hoje, quando ao falar sobre o ambiente com os meus alunos de 16 anos me deparei com as mais absurdas reacções. “Eu? Reciclar? Dá muito trabalho!”; “Não há ecopontos à porta de casa, acha que vou andar com os sacos na mão até ao próximo ecoponto?”; “É «stôra», já viu o que era eu levantar-me da cama para tirar a TV do stand-by? Não faltava mais nada!” De facto fiquei estupefacta com as declarações da turma que nem depois de um empenhado discurso de sensibilização para as questões ambientais mudaram de opinião. Dizia uma aluna: “Proteger o ambiente para quê? Posso morrer amanhã, não vale a pena o trabalho.” Pergunto-me: são estes os jovens do futuro?
Apesar de existirem várias turmas como esta, decerto não representarão a maioria das turmas de adolescentes deste país. Assim espero, pois se os jovens não se preocuparem com o mundo em que vivem o que será do seu futuro?
sexta-feira, 6 de outubro de 2006
The "Collor" of money
Refrescando a memória, Collor viu o seu mandato como alvo de cassação pelas duas câmaras do Congresso, na sequência de um escândalo de corrupção que atingiu toda a sua esfera próxima, Primeira Dama e secretária incluídas. Na altura, ficou célebre o empresário PC (Paulo César) Farias que, ao que se demonstrou, financiava aquele por intermédio de depósitos em contas abertas para o efeito pela colaboradora presidencial.
O caso ganha ainda mais interesse ao recuperarmos uma das bandeiras eleitorais que levaram o político neoliberal a Brasília: a moralização da vida política (além do controlo da, então, galopante inflação).
Aliás, numa campanha magistralmente orientada para os media, ficaram célebres tiradas como o "vamos caçar marajás", que simbolizava uma guerra sem quartel aos privilégios injustificados da minoria abastada. Houve mesmo quem dissesse que a Rede Globo teve um papel de patrocínio oficioso da bem sucedida candidatura, que chegou a incluir momentos épicos como uma marcha debaixo de chuva abundante, que Collor insistiu em fazer, apesar de desaconselhado, e à qual viriam a juntar-se centenas de pessoas, à medida que a caminhada progredia.
O outro extremo do populismo de Fernando Collor é, como está bem de ver, o autismo dos conselheiros de Lula da Silva, que o afastaram dos debates televisivos, na recente primeira volta da campanha presidencial, facto que é, agora, reconhecido como eventual causa da necessidade de uma segunda volta.
Retomando o fio à meada, e provando que a memória pode ser curta (não é só por lá…), e embora modesto, eis um regresso de um ícone político brasileiro da década de noventa. E vendo bem, não é caso único, pois também Paulo Maluf (ex-mayor de São Paulo), já previamente detido e indiciado, foi eleito para a Câmara dos Deputados.
Por outro lado, o próprio Lula da Silva viu o seu staff encolher como camisola de algodão em máquina com programa de temperatura elevada, precisamente por casos sortidos de escandaleira.
Contudo, mais do que pensarmos que se trata de uma moda brasileira, devemos apenas sublinhar que, se já hoje é uma das economias potencialmente mais pujantes do mundo, o Brasil só terá a ganhar se eliminar esta chaga da sua vida pública.
Por cá* , preocupa-me que o "pacto para a justiça" não tenha abordado o tema. É certo, como li, que mais do que legislar, há que aplicar o normativo já existente (pena é que a preocupação de eficácia normativa se não estenda a outras leis feitas ou a fazer), mas também ninguém me convence de que o aspecto simbólico não é muito relevante; contam os sinais que o poder político envia, no caso, aos prevaricadores. Ter escolhido um lugar de destaque para a nossa "caça aos marajás" seria bom, sobretudo num meio político-empresarial-futebolístico em que me parece que nem toda a gente (aprecie o eufemismo, por favor) consegue explicar tudo o que tem, à luz dos rendimentos declarados.
Sem caça às bruxas, também aqui seria pedagógico dar à justiça gente que responda a algumas das perguntas que a vox populi faz, há muito tempo...
*Sem querer acusar o Presidente da República de plágio :) e sem desejar provar o que quer que seja, sublinho que este post corresponde a um artigo publicado no Diário "As Beiras" (Coimbra), a 4 de Outubro.
terça-feira, 3 de outubro de 2006
A pronúncia do Norte
Cá para nós, que ninguém nos lê, estou em crer que é mais uma ameaça, a que não será estranha a ciumeira que deve estar a causar a quase certeza da eleição de um sul-coreano para secretário-geral da ONU.
- não vale a pena sonhar com mudanças nesta ponta do "eixo do mal", a breve trecho.
- não há qualquer vantagem do regime norte-coreano em desencadear um ataque (excepto, como é óvio, em auto-defesa), mesmo quando vier a ter poder efectivo para tal.
- vamos ter que aturar muitas mais chantagens e birras, porque, ainda assim, não compensa correr o risco de encostar à parede Kim Jong-il e as forças armadas que fazem a festa a norte do paralelo 38.
Solução?! Além de manter a pachorra do costume, sonhar com o dia em que Pequim tenha interesse em proceder a obras na casa do vizinho e rezar para que dê certo, nessa altura...