Esta imagem das antigas piscinas municipais de Coimbra circula pelo facebook há algumas semanas, somando milhares de likes e centenasde partilhas, tornando-se num verdadeiro caso de sucesso na rede de Zuckerberg.
Aquela zona da cidade sofreu profundas alterações no âmbito
da participação no Euro 2004. Presentemente, lá convive o Dolce Vitta com uma
zona residencial, estando mais abaixo o novo estádio municipal, que nos
endividou por gerações.
Felizmente, os dirigentes políticos da altura tiveram a visão
e a inteligência em não cometer o erro de deslocalizar o estádio para a
periferia, como fizeram outras cidades, encontrando-se agora a braços com os financiamentos
bancários a pagar por um lado, e com a necessidade de alimentar os “elefantes
brancos” por outro. Estádios com “rodinhas” ainda não foram engendrados, por
isso, esta era das tais decisões onde era imperativo acertar. Não podiam
falhar.
Mas a estratégia de rentabilização da zona envolvente também
merece realce. Valorizou-se o lazer, promoveu-se a formação e a prática do
exercício físico, com boas taxas de ocupação. Foram facultadas novas
oportunidades de negócio, constituindo uma ação socio-cultural relevante e
atrativa.
Mais importante ainda, deu uma caráter hedonista ao desporto
na cidade. Não são distantes os tempos em que para se fazer desporto era
preciso pertencer ou estar federado num clube. Presentemente, e particularmente
devido ao esforço feitos pelas câmaras municipais (com a comparticipação de fundos
comunitários, é certo), a prática do desporto, em várias modalidades, simplesmente
pelo lazer ou pelo bem-estar físico tornou-se uma possibilidade ao alcance de
todos, em vários municípios.
Mas voltando às antigas piscinas municipais que a fotografia
ilustra.
Era muito forte a ligação entre a cidade e aquele espaço,
quiçá esteja aí a explicação do “sucesso facebookiano”.
Até há cerca de uma década atrás, altura em que foram demolidas,
a cidade toda por lá passou! Julgo não exagerar se disser que meia urbe terá aprendido
a nadar naquelas piscinas.
Mas não foi só o aprender a nadar. Ali aconteceram amizades
e “paixonetas” de verão. Motivou gazetas à escola para ir dar umas braçadas na
piscina olímpica. Foram muitas e para muitos as “tardadas” ao sol e à conversa
nas “míticas” bancadas, ou na relva do outro lado. Foram gastos muitos escudos
em gelados no bar, ou na “ficha” que nos era dada sempre que guardávamos a
roupa nos balneários.
Aquelas piscinas escondiam muita juventude desbravada, daí a
nostalgia evidenciada não me surpreender.
Porventura terei ficado surpreendido com alguns comentários
à fotografia, especialmente aqueles que aportaram a qualidade do caminho
entretanto tomado pela cidade neste domínio.
O caminho, esse, estará ligado à dinâmica temporal, que tem
destas coisas.
Mas a saudade será porventura mais acentuada ainda porque há
época, tínhamos apenas as antigas piscinas municipais e uma piscina coberta em
Celas, com uma capacidade limitada para as necessidades de uma cidade como
Coimbra.
De lá para cá houve um caminho que foi trilhado. Atualmente,
ao nível de infraestruturas cobertas: continuamos com a piscina de Celas, mas passámos
também a ter os Complexos: Olímpico (COP), Rui Abreu (RA) e Luís Lopes daConceição (LLC).
Quanto a piscinas descobertas, construiu-se a da margem esquerda do Mondego. Mas também a do Parque de Campismo e da Quinta de S. Jerónimo,
todas espaços públicos de acesso geral.
A nostalgia será natural e confesso ser mais um que a partilha.
Agora, acompanhado o percurso feito nestes últimos 12 anos,queria fazer uma pergunta muito simples ao caro leitor: Ainda quer as antigas piscinas de volta?
Agora, acompanhado o percurso feito nestes últimos 12 anos,queria fazer uma pergunta muito simples ao caro leitor: Ainda quer as antigas piscinas de volta?
2 comentários:
Porque não? Embora as novas infraestruturas tenham inegavelmente o seu mérito, o ambiente é inteiramente outro. E não sei se será só um sinal dos tempos, até porque é muito mais comum hoje ter piscina em casa, e ainda assim se manifesta tanta saudade...
Estas piscinas primavam pelo aspecto social da coisa: era a velha história de estarem à mão, de não exigirem touca (a de Santa Clara é demasiado pequena e está numa localização menos visível e acessível) de terem uma oferta para velhos e novos, de backgrounds e diferentes áreas da cidade, de estar tudo no mesmo local, de toda a gente se conhecer, logo, ser um "espaço de Verão" da cidade (como a Figueira foi em tempos, de outra maneira)e do ambiente à vontade e descontraído. Embora as minhas visitas acontecessem mais depois das aulas, com amigos, do que em família, é um espaço que deixa muitas saudades e que devia ter sido reproduzido, com o mesmo modelo, noutro local, se não se podia mesmo conservar. Por uma questão de tradição.
Em Aveiro, o "novo" estádio está fora do centro, bem fora e tem sido um desastre a todos os níveis. Um elefante muito branco...
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