A hora da verdade da Europa parece ter chegado mais cedo que previsto.
A dimensão financeira no capitalismo não é, claro está, recente, mas tomou hoje uma nova dimensão – comparada à crise dos anos 30 – quanto mais não seja pelo facto da globalização do capital e das técnicas, tanto quantitativas que qualitativas, de valorização do capital.
Mas quando o capital encontra pela sua frente um povo recalcitrante que não pode aguentar mais, vitima da má governação de dirigentes incompetentes que o levou à catástrofe, retira-se uma impressão do género “ não sabemos o que é preciso fazer” , reeleger os mesmos ou ....piores”, etc.
O caso da Grécia é elucidativo. Durante anos, os partidos ditos “de governo”, após um doloroso “apagao” ditatorial dos militares, viram-se confiar as rédeas do poder, numa bela alternância
democrática, mas sem outro resultado que o de se “governarem”. Autênticas dinastias, o poder passou de Pai para o Filho, duma família à outra, sem diferença fundamental no exercício do poder.
A casta, a elite, o sistema, e os parasitas e tubarões que gravitam sempre à volta do poder quando este é fraco ou também está contaminado.
Quando tudo isto se passa em casa própria, lamentamos o facto, por compaixão. Mas quando isso nos toca, então o caso muda de figura.
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O apelo do Primeiro Ministro Grego ao povo, para que ele se manifeste sem reticências, acto certamente democrático no pais que inventou a democracia, comporta , entretanto, uma série de questões :
O futuro do continente é ou não compatível com as soberanias nacionais?
A prosperidade económica e a paz social – ou o que resta – podem ou não conjugar-se com a democracia? A regressão não apela automaticamente à escolha entre governos autoritários e a desordem na falência?
A ficção da U.E. pode ou não ser mantida? Ou existem já de facto duas Europas , uma rica, relativamente, à volta da Alemanha, e outra em vias de deliquescência rápida, levada na enxurrada da globalização?
A Aliança Atlântica (NATO) deve ou não ser mantida? A ameaça russa esfumou-se e nenhuma outra a substituiu.
A América conduz , com o seu aliado inglês ( fora do Euro e contra a taxa Tobin) , uma verdadeira guerra económica contra a Europa . Quem não vê que a queda do Euro consolidará a posição do Dólar, que os chineses serão obrigados de defender, quando não houver a concorrência do Euro? Não é tempo para tirar todas as conclusões ?
Em definitivo, temos ou não ainda a coragem suficiente para reagir ou o nosso futuro é de ser submetidos como noutros tempos submetemos as nossas colónias ?
Freitas Pereira
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