sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Fácil de entender"

Procurando evitar melindres, não resisto a um primeiro relance sobre alguma polémica que se tem gerado em torno das listas do PSD à Assembleia da República.

Começo por alguns aspectos da lista de Coimbra, para destacar a excelência dos dois primeiros nomes. Paulo Mota Pinto e Pedro Saraiva, a mais de docentes de craveira, são personalidades que sempre viram a política como uma missão nobre que justificou que, a espaços, dessem algum do seu tempo à causa pública. Para além disso, tratamos de pessoas que jamais renegaram o Partido Social Democrata como a sua “casa ideológica”, enquanto outros, por conveniência do momento, acompanharam os momentos de oposição de uma discrição táctica ilucidativa. Em suma, falamos de duas escolhas acertadas e de pessoas que, seguramente, não vão para o Parlamento em busca de emprego ou de oportunidade de negócio.

Com o que fica dito e em consequência, sublinho ainda a injustiça de algum jornalismo pouco esclarecido que fala da presença de “filhos de seus pais” nas listas do PSD. No caso de Paulo Mota Pinto, a ressalva devia ser imediatamente feito pelos pseudo-jornalistas que procuram meter tudo no mesmo saco: sendo filho do Prof. Mota Pinto (algo de que o próprio muito se orgulhará e com toda a propriedade), o Paulo (sei que ele me perdoará a informalidade) tem um percurso intelectual, profissional e cívico (desde logo e até na Académica) que fala por si e é justo título para qualquer cargo público. O mesmo não poderei dizer de todos os demais exemplos debatidos, mas seria quase “profano” misturar o regozijo que aqui exprimo com detalhes típicos dos aparelhos partidários.

Outro dos casos quer tem feito a delícia dos jornais tem a ver com a lista de Lisboa, designadamente, no que toca à inclusão dos nomes de Helena Lopes da Costa e de António Preto, a braços com processos judiciais, e à exclusão dos nomes indicados pela Comissão Política Distrital (estão colocados do 17º lugar para baixo, sendo que o próprio colocado nesse lugar, lugar oblige, já se demarcou das críticas de quem o indicou, solidarizando-se com a Líder nacional). Começando pelo primeiro aspecto – os nomes controversos – sou, por princípio, favorável à presunção da inocência atá ao trânsito em julgado da sentença. Tal não quer, porém, dizer que os próprios não devessem ponderar se, a bem da credibilização da política, não seria benéfico fazerem uma pausa voluntária até ao esclarecimento cabal dos assuntos que os afectam e, mais do que isso, se não deveriam pensar se, ao desejarem integrar as listas, não estarão a prejudicar a votação no Partido de que gostam e em que militam. Repito: a sua inclusão é lícita e as pessoas em causa são indubitáveis militantes do PSD, sendo que respeito a decisão pessoal, apesar de não estar seguro da sua bondade intrínseca.Justificar completamente

Já o caso muda de figura se virmos os dois assuntos – os dois nomes e a exclusão dos nomes da Distrital lisboeta – pelo lado da decisão de Manuela Ferreira Leite. Neste prisma a decisão é natural e “fácil de entender” (como cantam Sónia Tavares e os The Gift): equilíbrios partidários e nada mais. Mesmo a nossa “Dama de Ferro” tem que fazer alianças; António Preto “levou-a” ao poder, há anos, em Lisboa e a actual Distrital de Lisboa, apesar de intitucionalmente leal, apoiou maioritariamente Passos Coelho. Assim, a exclusão de Passos Coelho e dos nomes da Distrital é uma opção táctica que enjeita a alternativa maquiavélica, que se traduziria em manter os “inimigos” dentro de portas para melhor os controlar. Esta leitura é, aliás, a mesma que explica a aliança não escrita com Santana Lopes, que recebe a candidatura em Lisboa e vê os seus seguidores permanecer na Assembleia da República; desta sorte, Manuela Ferreira Leite encosta a ala de Passos Coelho às cordas.

É mesmo “fácil de entender”, acreditem...

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