quarta-feira, 11 de março de 2009

Não tenhas pressa...

Lia-se, ontem, que o Presidente da Liga de Clubes, Hermínio Loureiro (de quem sou amigo, há muitos anos), propõe que os clubes das ligas profissionais Sagres e Vitalis (as antigas primeira e segunda divisões) que tenham salários em atraso não possam disputar essas competições na temporada vindoura.

O leitor mais incauto dirá: boa ideia!

O Gonçalo Capitão diz: agora?!

A verdade é que não me comprazo com o mal dos outros e espero não ver a Briosa em apuros. Todavia não deixo de questionar a falta de igualdade de circunstâncias e a hipocrisia em que vive o futebol nacional, com a tranquilidade de pertencer a um grémio que só por distracção foi alguma vez favorecido pelas instâncias dirigentes ou pelos árbitros (algo que nem sequer advogo, apenas rogando que não nos prejudiquem ou, em português menos suave, que não nos “roubem”).

É certo que as regras não permitem, até à data, que a Liga seja mais categórica, já que basta a candidatura a um Procedimento Extrajudicial de Conciliação, no Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), para competir. Mas, o problema é de hoje?! Em épocas anteriores não se verificou?!

Sendo verdadeiro que o flagelo dos salários em atraso não é de hoje (sabemo-lo bem), por que só agora age a Liga?! A resposta é: falta de poder de facto para enfrentar o famoso “sistema”! Hermínio Loureiro e todos os dirigentes do futebol conheciam este problema antes da época se iniciar e ninguém fez o que quer que fosse para banir quem não paga aos seus trabalhadores (é disso que falamos).

Se virmos bem, não falamos de Aimar, Suazo, Liedson, Lucho e companhia… Versamos, isso sim, o caso de jogadores que, tendo uma curta carreira profissional, não auferem salários astronómicos, dependendo daquilo que ganham para sustentar a família e constituir um pé de meia… São estes que deixamos cair num logro, ao prolongarmos artificialmente determinadas vidas associativas.

Note-se, contudo e em primeiro lugar, que não advogo sequer o fim de certos emblemas, mormente dos que têm pergaminhos no nosso “pontapé na bola”; estou, isso sim, a defender que se enfrente o problema corajosamente, com um plano para sanear financeiramente o nosso futebol profissional, prevendo sanções rigorosas para os infractores e não meros paliativos, como me parece antever-se na medida proposta da Liga de Clubes (acrescentar ao pedido de um PEC o acordo do fisco e da Segurança Social), já que se exigem que declarações “desde a I República” sem efeito prático que se veja.

Em segundo lugar, o que quero sublinhar é a desigualdade que há entre clubes que não pagam e podem conservar equipas bem municiadas de jogadores (precisamente porque sai em conta ter salários efectivos de zero euros…) e agremiações como a Académica que se contém nas aquisições, mas pagam atempadamente aos atletas. Por outras palavras, é fácil gerir uma empresa ou uma associação desportiva profissional se eliminarmos o custo da mão de obra…

Se é fogo de vista, eu diria que o Presidente da Liga escusa de se apressar, já que ainda é demasiado novo para se tornar refém do stress de que, agora, parece acometido.