terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Mundo imperfeito

Com franqueza, e numa abordagem pragmática da política, no lugar do engº Sócrates, estaria contente.
Depois de derrotar João Soares e Manuel Alegre, no PS, depois de ver o primeiro a perder Lisboa e Sintra, em eleições sucessivas, a seguir à derrota clamorosa e por indecente e má figura daquele que Carmona Rodrigues designou por "grande ordinário" (leia-se, Manuel Maria Carrilho), qual o último foco de autoridade interna que podia causar turbulência, durante 3 anos sem eleições e com fundos comunitários?
A meu ver só a figura senatorial do dr. Soares.
E não é que eu perfilhe a tese algo lírica de que José Sócrates deseja Cavaco Silva em Belém - por muito que, de facto, os seus conhecimentos de Economia e da governação possam ajudar a entender melhor as medidas a tomar - mas entendo que a derrota de Mário Soares deixará ao nível da insignificância eventuais bolsas de resistência que, sabe-se que é assim no interior dos partidos, são já de si diminutas, quando se detém uma maioria absoluta.
Por isso, creio que Sócrates assumirá, como homem de palavra, a derrota de Soares, mas 3 anos chegam e sobram para fazer esquecer a mesma (quem fala ainda das autárquicas, 3 meses depois?!), ainda para mais quando Soares torna o resultado altamente "pessoalizável".
Numa abordagem mefistofélica, eu, no lugar do nosso Premier escolheria Soares no 2º lugar, à 2ª volta.
Porém, como a sorte também se acaba, creio que falhará a última cereja (a da 2ª volta), sem que com isso se estrague o bolo.

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