segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Deixem-nos sonhar e usufruir deste belo País


Será que os políticos ainda não perceberam que o cidadão comum está de férias, pouco preocupado e cada vez mais alheado com o que se passa em Lisboa?

Como já perceberam escrevo estes linhas a partir do Algarve e pela primeira vez desde alguns anos, sinto-me cansado da política. Não me engano se disser, que nesta matéria sinto-me acompanhado pela maioria do Portugueses, também eles de férias e igualmente fartos de tanto ruído, no fundo tanta esquizofrenia protagonizada por políticos e comentadores.

Neste capitulo, a mediocridade é transversal, atravessa todos os partidos políticos, televisões e jornais. Nos partidos, porque a moda deste verão dá pelo nome de "swaps" e segundo as mais recentes teorias de comunicação de massas, quando um palavrão entra na moda, há que aproveitar e repeti-lo à exaustão. Poucos sabem o que é um swap, mas todos opinam sobre o tema. Outros, ainda menos esclarecidos, como ouviram dizer que é algo terrível, pensam até que é uma doença contagiosa e incurável. No meio disto tudo, poucos tem coragem de dizer, que comprar acções em bolsa pode ser mais arriscado e ruinoso que fazer um swap.
Claro está, que não me refiro aos swaps tóxicos, subscritos por alguns gestores públicos, com graves prejuízos para os contribuintes Portugueses.

Mas a desonestidade é de tal forma transversal, que salvo raras excepções em que não estão incluídos os partidos políticos, poucos foram os que defenderam que o governo em defesa dos contribuintes Portugueses, já devia ter feito uma queixa na procuradoria geral da republica contra todos os gestores envolvidos em swaps tóxicos, como que a deixar bem claro, "quem não deve não teme".

Quanto às televisões e jornais a mediocridade é ainda mais gritante, porque se no primeiro caso os políticos temem a verdade, neste caso, não sei se por agenda ou se por motivos mais obscuros em tudo contrários ao dever de isenção a que estão obrigados por lei, somos obrigados a ouvir e ler artigos, comentários e analises pouco representativas do eleitorado Português.

Alias, não é de agora, que conhecidos membros e simpatizantes da nossa esquerda caviar, tomaram de assalto os meios de comunicação social e com isso têm transmitido a ideia, de que representam a opinião da maioria dos Portugueses, quando na verdade e nas ultimas legislativas nem chegaram aos 290.000 votos. Isto não é democracia representativa, é um logro, é uma mentira.

 Mas voltemos então às férias e a aquilo que considero serem os temas mais importantes, não só por serem positivos para o País e logo para os Portugueses, num claro sinal de que os sacrifícios feitos nos últimos 3 anos, não esqueçamos que começaram com os famosos PEC's, poderão não ter sido em vão.

- a economia Portuguesa cresceu 0,4% no ultimo trimestre, contra as previsões que indicavam um crescimento negativo de 3%
- O desemprego diminuiu 1%, é certo que há aqui algum efeito de sazonalidade, mas no ano passado também tivemos o mesmo efeito e o desemprego não parou de aumentar
- défice publico encontra-se dentro dos limites acordados com a troika
- as exportações voltaram a crescer, depois de um período de estagnação
- a balança de pagamentos está positiva como já não há memória
- o índice de confiança de investidores e consumidores melhorou
- temos um governo remodelado que elegeu como prioridades, o crescimento económico e a renegociação do memorando negociado pelo partido socialista com a troika
-temos uma nova lei laboral, mais amiga do investimento e menos incentivadora do laxismo
- está em fase final, a lei que vai de uma vez por todas introduzir a equidade nas reformas, aproximando o sector público com o sector privado e desta vez não venha o tribunal constitucional substituir-se ao governo e defender o indefensável
 - Portugal foi eleito um dos melhores destinos de férias do mundo, com algumas praias a ocuparem o "top ten"
- a hotelaria tem este ano taxas de ocupação só comparáveis com o ano de 2007, ano de referência pela positiva
- Portugal tornou-se num País de recrutamento de quadros qualificados, já não emigra só mão-de-obra não qualificada

Estes são apenas alguns exemplos muito positivos e sinais prometedores, de que o futuro poderá ser melhor, mais justo e mais solidário. Sou daqueles que sempre defendeu que não se pode distribuir o que não se tem, mas pelo contrário, devemos criar as bases para atingir de uma vez por todas um desenvolvimento sustentável.

Por tudo isto, dêm-nos férias no que respeita ao bota abaixo, à mediocridade e à maledicência, valorizem os aspectos positivos, as conquistas já conseguidas e os sucessos já consolidados.
 Deixem-nos sonhar e usufruir deste belo País, tão elogiado lá fora e tão desprezado e maltratado cá dentro

 Boas férias

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Leitura recomendada


Portugal tem excelentes escritores e José Rodrigues dos Santos (JRS) está na linha da frente. “A Mão do Diabo”, o romance ilustrado na fotografia é um belo exemplo. 

Bem escrito, escorreito, é aquele tipo de leitura de que se gostaria ainda mais, não fosse a temática em torno da Segunda Grande Depressão, ou se preferirem, crise das dívidas soberanas.

JRS entretém e informa, apresentando-nos uma descrição pormenorizada sobre a forma como o euro e os países chamado periféricos (ou Club Med) aqui chegaram. Melhor ainda, é ideologicamente transversal, fugindo ao esquerdismo irresponsável por um lado, e ao neoliberalismo radical pelo outro.

 As respostas a muitas das perguntas que hoje fazemos sobre a crise e cenários futuros estão bem descritas nas cerca de 600 páginas do calhamaço.

Aparte as teorias económicas e respetivo enquadramento, que são reais, o resto é ficção. Mesmo assim, sendo “ficção” (entre aspas, com o autor o afirma), o retrato que faz dos políticos europeus é avassalador. Para a narrativa, (repito narrativa e não autor) são todos corruptos, não tendo descortinado uma única personagem da história ligada à política que fosse honesta ou que mostrasse preocupação com a “massa do povo”!

Os políticos que se defendem, se assim o entenderem. Quanto à prosa, é leitura recomendada. Para não fugir à temática, sigo para Madrugada Suja.

sábado, 3 de agosto de 2013

Os cinco


Embora pareça uma evocação de Enid Blyton (saudades desses tempos…), falo-vos, hoje, sobre os cinco milhões (número estimado) de portugueses que residem fora de Portugal.

Com algum dever de reserva imposto pelas funções desempenhadas, começo pelo lado onomástico do fenómeno: se, antigamente, eram designados por “emigrantes” todos os portugueses que ganhavam a sua vida “lá fora” (“aqui fora”, digo eu), há aqueles que, hoje em dia, se abespinham com o estilo clássico, preferindo a designação pós-modernista de “portugueses residentes no estrangeiro”. Se pensarmos bem, faz até sentido em casos como os quadros das empresas que passam fora de portas tempo limitado (os famosos “expatriados”) e para aqueles que, tendo a nacionalidade, já nasceram fora do País.

Do que conheço, continuaria por destacar uma imensa virtude dos nossos concidadãos emigrados: demonstram, todos os dias, que nada se consegue sem imenso trabalho. Enquanto segue a polémica caseira sobre horas semanais para a função pública, por exemplo, na África do Sul era comum encontrar empresários portugueses a trabalhar às cinco da manhã, terminando apenas quando pudessem faze-lo. No caso dos exemplos de sucesso, que olhamos, por vezes, com uma pontinha de inveja, raros serão os percursos de vida que não estejam respaldados por momentos de privação e dúvida, e mesmo por noites ao relento.

Claro está, diga-se, que as nossas Comunidades estão longe de ser todas elas constituídas por exemplos de abastança – ideia que temos tendência a nutrir. Há casos de emergência social a que as autoridades portuguesas tentam acudir, com as limitações conhecidas de todos.

Em segundo lugar, creio ser de sublinhar a generosidade como traço forte de um qualquer retrato dos portugueses emigrados. Se é certo que alguns acumularam fortunas consideráveis, não é menos verdadeiro dizer-se que o que têm lhes pertence e assim poderia continuar a ser, legitimamente. Todavia, e apenas a título ilustrativo, basta dizer que em Joanesburgo e perto de Caracas existem dois enormes lares de terceira idade – qual deles o mais bem equipado – fundados e mantidos pela boa vontade das respectivas comunidades. Ademais, à parte das infra-estruturas, são diversas as ocasiões em que iniciativas destinadas a compatriotas carenciados ou em situações de emergência se tornam possíveis por via desse sentimento de partilha e redistribuição que, no fundo, sempre está no coração dos portugueses.

Se tivesse que apontar traços de apreensão no curto espaço e com a rédea curta que me tutelam, apontaria, mormente no exemplo africano, os atritos e envelhecimento daquela Comunidade que ainda alimenta a tradição associativa. De igual modo, creio que os números de participação eleitoral não fazem, nem de perto nem de longe, jus à relevância dos nossos portugueses da diáspora.