quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Madre Goa

Se gosta da nossa História, uma viagem que deve fazer antes de morrer – por causas naturais ou por acção do FMI – é a Goa, Damão e Diu.

Comecemos por Goa e pela parte física da experiência. Uma boa base para explorar o Estado de Goa é ela própria uma herança portuguesa: a Fortaleza da Aguada (ou Forte Aguada) que os nossos antepassados construíram no século XVII para defesa daquela zona estratégica e que, segundo as fontes disponíveis, deve o nome às nascentes de água potável (na altura não se falava em privatização…) que abasteciam os nossos navios. Hoje em dia, na sua parte baixa, alberga uma notável pousada e vistas edénicas.



A parte superior (a que pode, correndo riscos, aceder pelo lado da costa) implica um desvio terrestre de quatro quilómetros, mas vale a pena pelo soberbo estado de conservação e pelo imponente farol edificado no século XIX.




Repousado o esqueleto na piscina com vista de coqueiros e com o pôr-do-sol sobre o Índico,



uma primeira fugida a Panjim pode bem ter um final feliz (salvo seja) no Restaurante Viva Panjim, onde a anfitriã, Linda de Souza (assim mesmo e com fluência na língua do mesmo Camões que andou por aquelas terras), e o seu pessoal tudo farão para que se delicie com a envolvência bem portuguesa do bairro e com a deliciosa (mesmo) e acessível (mesmo, parte II) comida goesa.





O dia seguinte pode mesmo ser por lá, Panjim (antigamente, Nova Goa), a capital de Goa. A Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição (1541) e sua escadaria enchem as medidas a qualquer um,


assim como o Bairro das Fontainhas (com o Altinho)


e o Bairro de São Tomé,






onde só a tonalidade da tez dos locais lhe lembrará que não está em Lisboa, porque não raras vezes o idioma falado leva-o a casa num esfregar de olhos. Chegados a este ponto da narrativa, uma pausa e uma recomendação: doseie bem o tempo que tem para visitar a cidade e a quantidade de vezes que abre a boca para falar português; em menos de um fósforo estará a visitar uma alfaiataria dos tempos dos filmes de Vasco Santana


 ou a entrar em casa de um Colaço ou de um Menezes!... E ai de si que não beba ou coma qualquer coisa!... Ajuda à digestão o deleite com que ouvirá recordar com saudade os portugueses (o mesmo azedume com que falam dos “outros” – entenda-se “indianos”).

O Palácio do Idalcão (Palácio do Governo ou Secretariat, como é conhecido por lá) é do que mais antigo pode avistar, construído que foi no início do séc. XVI pelo governante muçulmano de então, mas em breve alvo de uma acção de despejo pelos portugueses, tendo mesmo albergado os nossos vice-reis.



Mesmo ao lado, olhe bem para uma estátua que pode confundir-se com Bela Lugosi, Vincent Price, ou qualquer outro “vampiro” famoso. Contudo, a senhora ergue-se em direcção às mão do Abade Faria pelo simples facto de este amigo de Napoleão ser tido como o pai do hipnotismo (é das poucas estátuas en su sitio, já que, por exemplo, a de Camões já só mesmo no museu…).


Para a semana continuamos o passeio…

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Santa ignorância

Vi e li a entrevista do Cardeal Patriarca de Lisboa e prefiro mesmo citar, para me não enganar: "No ano em que completou 75 anos de idade e 50 de ordenação sacerdotal, o cardeal Patriarca de Lisboa fala da necessidade dos portugueses ajudarem o Governo a encontrar soluções para ultrapassar a crise. D. José Policarpo afirma ainda que a Igreja não deve praticar política directa, porque 'ninguém sai de lá com as mãos limpas' " (Jornal de Notícias, edição on-line, ontem. Sublinhados meus).

Eu que respeito muito a Igreja e que acredito na importância da Fé, acredito que possa só possa ter sido engano... Eu saí com as mãos limpas e conheço (mesmo) muita gente que também o fez.

Estaria a aplaudir se D. José Policarpo tivesse dito que ninguém sai de lá com a reputação limpa. Isso sim! Cá por mim ainda estou a sacudir a lama que me atiraram. Mas a vida partidária é assim: quando eles vêm em grupo é meter a viola ao saco e mudar de vida...

domingo, 25 de setembro de 2011

Biografia


Zuckerberg anunciou esta semana o novo conceito de rede social no f8. A partir de Outubro, podemos escrever a nossa história em interacção com o mundo numa experiência fascinante.

Mais do que alterações no layout da página ou novas funcionalidades, cada utilizador do facebook pode registar todos os momentos de maior importância na sua vida, num percurso determinado timeline, transformando a rede no verdadeiro serviço público. Mostra quem somos e - aqui está o interesse - a construção da nossa identidade. Priceless. Esta é a verdadeira obra de Mark Zuckerberg.

Como no site de apresentação: Tell your life story with a new kind of profile.

https://www.facebook.com/about/timeline

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Futebol sem homens

Jogos de futebol com uma assistência restrita a mulheres e crianças foi a insólita solução que a federação de futebol turca encontrou para fazer frente à violência nos estádios. Depois de incidentes violentos verificados no recente jogo entre o Fernerbahçe e o Shahktar Donetsk, os responsáveis entenderam que, ao invés de um jogo à porta fechada, mulheres e crianças poderiam assistir gratuitamente ao espectáculo de futebol. E assim foi: mais de 40 mil mulheres e crianças assistiram ao jogo que opôs o Fernerbahçe ao Manisaspor na passada quarta-feira em Istambul. Os protagonistas do encontro relataram no fim da partida que o ambiente foi incrível e que o apoio das bancadas fazia-se sentir. Não sei se a medida se vai repercutir por outros países, mas se as federações de futebol ameaçarem recorrer a esta solução talvez os níveis de testosterona nos estádios de futebol diminuam drasticamente, permitindo um ambiente mais salutar.

Falou e disse

Assisti com particular atenção à entrevista do Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, à televisão pública e, sincera e objectivamente, gostei.

Desde logo, apreciei a coragem em relação ao problema da ocultação do défice na Madeira. Sou daqueles que sempre tiveram estima por Alberto João Jardim e que reconhecem a magnífica e notória obra que fez na região autónoma. Contudo, numa altura em que carregamos a maior cruz financeira de que tenho memória, não há gastos à tripa-forra ou falta de cuidado orçamental que possa admitir-se, por muito que simpatizemos com o gastador em causa.

Restava, por isso, perceber como iriam ser os passos de Coelho numa matéria em que os presidentes do PSD sempre tiveram o maior recato opinativo. Ora, numa atitude que só surpreende quem não teve o prazer de o conhecer, Passos Coelho não teve problemas em reputar a atitude de inadmissível e irrepetível, anunciando que não se associaria à campanha madeirense. Que fez a oposição que tanto criticara anteriores presidentes por alegada complacência??? Criticou outra vez, mostrando o que as pessoas menos apreciam: o lado cénico e táctico da política (aquele que pode até destruir reputações porque “convém ao grupo”).

Gostei ainda da entrevista do Premier pela honestidade. Seria fácil especular, designadamente sobre a taxa social única e sobre o IVA, mas não o fez, reconhecendo humildemente que não estava em condições de quantificar as medidas, para já.

E no que respeita àquela taxa, sublinho ainda o patriotismo ínsito nas respostas de Passos Coelho, quando confrontado com as “exigências” do FMI no sentido de um corte de oito pontos percentuais. Explicando as razões económicas pelas quais não seguiria a amável sugestão dos burocratas, Passos afirmou-se como político ao dizer que Portugal não seria um laboratório do FMI.

Em igual medida revelou sentido de Estado, infirmando as notícias que davam como certo o avanço do TGV por pressões espanholas e europeias.

Em terceiro lugar, a mesma sensibilidade política e social lhe vislumbrei ao dizer que havia que graduar os cortes na Saúde, Segurança Social e Educação, razão pela qual a despesa está a baixar mais lentamente. O que gostaria de ter ouvido era uma opinião daquela esquerda que se diz campeã do social e que nunca explica como manteria o sistema actual, pedindo, ao mesmo passo, um corte abrupto na despesa do Estado (sendo que só nos sectores mencionados os cortes farão real diferença orçamental, por muito que todos os sectores devam emagrecer).

A terminar, uma palavra para a serenidade e educação que revelou ao longo de toda a entrevista, não crispando o semblante nem nas questões mais “atrevidas”. Eis as razões por que gostei do primeiro exame, numa televisão que o próprio entrevistado disse que vai ter que mudar de vida.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quem quer ser milionário

Numa altura em que, justificadamente, andamos cabisbaixos enquanto Nação, olho para cada noticiário e apenas vejo mais razões de tristeza.


Por todo o lado se vê milhares de pessoas a perderem o emprego. E a pergunta (que nem sequer chega a tocar as margens do problema realmente vivido pelas vítimas desse flagelo) roça o retórico: como vão essas pessoas pagar a casa e a escola dos filhos?! Mais importante ainda: como vão comer e vestir-se?!

Por outro lado, vemos os Estados, mormente os que ainda se dizem herdeiros do modelo social europeu, a cortarem função social após função social. À segunda vai-se a esperança da reforma e reduzem-se as que ainda são pagas, à terça corta-se no orçamento dos hospitais e fecham-se centros de saúde, à quarta encerram-se escolas e deixam-se as universidades à mingua, à quinta fecha-se a porta à modernização das forças armadas e aniquila-se a motivação das forças de segurança civis, à sexta destrói-se qualquer possibilidade e qualquer incentivo à poupança, ao sábado acabam as obras públicas e ao domingo esperamos que o nosso clube ganhe, para ver se o ácido estomacal se acalma…

E com isto – tirem o sorrisinho da cara os mais propensos à intriga – não estou a insinuar que o actual Governo não esteja a trabalhar bem e a fazer o que não pode deixar de ser feito. Vou mesmo mais longe: não chego sequer a remeter as responsabilidades para o Governo anterior; separam-me dele opções de cunho ideológico, mas acredito que tenham tentado ao máximo preservar o cunho social do Estado.

O problema é, por isso, muito mais global e quiçá ideológico (quem disse que as ideologias estavam mortas???), sendo irónico e surreal que seja a China a propor-se salvar o Velho Continente e, ainda por cima, exigindo para tal que os países europeus adoptem determinadas políticas ditas de rigor.

Concluo o mesmo que venho concluindo nos últimos anos: deixámos o mercado à solta e a criatura virou-se contra o criador. Não conheço melhor mecanismo de regulação do que a economia de mercado, mas o que me fez militar no PSD foi acreditar que – descartadas as patranhas da extrema-esquerda sobre a sociedade sem classes e sobre a economia socialista – há um papel moderador e regulador que dá sentido ao Estado. Todavia, foi aqui que Estados Unidos da América e Europa falharam, permitindo a criação de uma temperatura social em ponto de ebulição que, quando o pão faltar mesmo, pode levar à anarquia, para presumido gáudio da referida extrema-esquerda.

Até quando deixaremos os especuladores brincarem ao “Monopólio” com os nossos países? Quando pararemos os mecanismos financeiros incorpóreos que inscrevem as respostas sobre o nosso futuro em cartões de “Trivial Pursuit”? Por enquanto, ainda vivemos na ilusão de responder à pergunta que nos levou ao abismo: “quem quer ser milionário”?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Transiberiano VIII – Ulan Ude

Retomo um relato há muito iniciado e, agora, quase no fim.

Falo da viagem no Transiberiano que, na edição de hoje, pára onde os turistas começam a escassear. De facto, a maioria dos viajantes opta por não cumprir o verdadeiro trajecto do mítico comboio, preferindo desviar a rota para a Mongólia e para a China, logo após a visita ao Lago Baikal.



A “divergência” ganha corpo em Ulan Ude que vale bem a visita pelo seu exotismo, pela sensação de estar longe de tudo e mais alguma coisa, e por ser uma paragem pouco visitada por turistas (se bem que, em Janeiro, quando por lá passámos, o problema do excesso de visitantes é nulo, mesmo em Moscovo).

Uma das vantagens de escolher a rota menos “batida” é mesmo o facto de poder pagar um bilhete de 2ª classe (também e sempre com camas) e de beneficiar da privacidade da 1ª.

Chegando de madrugada, o primeiro contacto foi com o Hotel Gesser, que deixa ainda entrever por que era o preferido da nomenklatura soviética: não sendo grande, ainda mostra alguma da grandiosidade que tanto apreciavam os proletários defensores do povo…



A cidade, capital da Buryatia, é claramente asiática, a começar pelas feições de grande parte dos seus habitantes. Mas se tal não bastasse, a 40 km fica o Ivoginsky Datsan, mosteiro que é a sede do budismo siberiano, consistindo num complexo de coloridos e interessantes templos, que devem ser visitados no sentido dos ponteiros do relógio.




Na cidade propriamente dita ganha destaque a proclamada maior cabeça de Lenine do Mundo, no centro da Praça Sovetov.


 Nem sei por onde comece a descrever a monstruosidade da mesma, que quase ofusca os edifícios tipicamente soviéticos que a rodeiam, como a Ópera local.


 Aliás, do camarada em causa não há maneira de ter saudades, pois ao pé da estação ferroviária, logo após uma interessante e velha locomotiva soviética,



 está uma curiosa estátua de Vladimir Ilyitch Uliánov, sendo que desta vez e para não quebrar a originalidade de Ulan Ude na homenagem ao dito, a figura de Lenine é dourada!...


O restante da cidade é elegante (muita arquitectura do séc. XIX)




 e pacato, podendo passar o seu tempo visitando a Catedral Odigitria (séc. XVIII)


 e o Arco do Triunfo (réplica de 2006 de um original de 1891 construído para homenagear o herdeiro do trono, que viria a ser Nicolau II, o último czar… Pelo menos, antes de Putin, bem lidas as entrelinhas…).


O Museu de Arte (onde as funcionárias fechavam a luz assim que abandonávamos uma sala, dada a ausência de visitantes)


 e o Museu de História (onde alguns pisos eram abertos a pedido e após insistência, pelo mesmíssimo motivo)


 são também boas opções para passar o tempo, antes de escolher um dos bons restaurantes locais e de retemperar forças para o “assalto” a Vladivostoque.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Leiria sem arrumadores

Finalmente uma autarquia com coragem que tomou medidas quanto a essa praga que são os arrumadores. Em Leiria já há algumas placas espalhadas pelos parques de estacionamento a desincentivar os utilizadores de dar a tal moeda. Por outro lado, dá-me ideia que a medida será dissuasora também quanto aos próprios arrumadores, a menos que não lhes falte descaramento. Oxalá seja esta a solução do problema e, claro, espera-se que outras autarquias sigam o exemplo.  

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Porqué no te callas?!


O americano Matt Richardson acaba de inventar um sistema que coloca o televisor em modo silencioso sempre que figuras indesejadas apareçam no ecrã. Isto claro, mediante indicação prévia das pessoas que não queremos gramar... O inventor lembrou-se disto quando já não suportava ouvir mais personalidades como Sarah Pallin, Kim Kardashian ou Donald Trump. Eu cá estou entusiasmada com esta invenção... não vejo a hora de ver mudo o Paulo Bento, o Manuel Serrão, a Fátima Lopes, a Ana Gomes, o Hugo Chávez (que o Rei de Espanha já mandou, e bem, calar), o Pinto da Costa e mais uns quantos. E vocês, que personalidades é que gostavam de ver caladinhas?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Avaliação congelada

O ministro da Educação divulgou ontem a mais recente proposta de avaliação de professores. Nuno Crato, matemático experimentado e ex-comentador em assuntos de educação, anunciou, após a sua tomada de posse, a suspensão do modelo de avaliação do governo de José Sócrates. Decisão aplaudida, já que o modelo vigente nos últimos dias do socialismo, manta de retalhos do malogrado projecto de Maria de Lurdes Rodrigues, carecia de uma revisão, sem prejuízo da manutenção de um clima de diálogo com as forças sindicais, com o peso que sabemos que têm no sector da educação.

Por hesitação tecnocrática ou motivo alheio à sua vontade, Nuno Crato vem agora apresentar um projecto que em pouco ou nada altera o modelo herdado de José Sócrates. A bolsa de avaliadores acaba por ir de encontro ao regime de avaliação por pares (incluindo a que é feita pelos directores, relativamente aos professores do 9º escalão), sujeitando o processo às vicissitudes próprias das relações pessoais, o que não aconteceria se os avaliadores fossem provenientes de uma entidade verdadeiramente externa às escolas. A avaliação sobre aulas observadas continuará a ser deixada ao critério do professor avaliado, o que significa que, no caso do professor rejeitar a assistência, o modelo incide sobre um duvidoso relatório de auto-avaliação, como no tempo em que a avaliação contemporizava com a progressão automática. Como esta é prática enterrada (pelo menos na administração directa do Estado), subsistem exigentes quotas para os lugares cimeiros da carreira docente, decisão que o ministério de Crato já fez saber ser irreversível. Na existência de quotas não podemos ver outra coisa senão a confissão de que o processo de avaliação é ineficaz - donde a necessidade de um impedimento à progressão na carreira -, bem como uma verdadeira perversão do mérito como fundamento da avaliação de professores.

Perante o aparente silêncio dos parceiros da coligação governativa - Grupos Parlamentares incluídos -, lamenta-se que fiquem na gaveta as propostas recolhidas pelo PSD e pelo CDS/PP, no tempo em que eram oposição, preconizando um modelo eficaz e justo. A versão que ora se apresenta não é uma coisa nem outra.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

«Portugal não tem dinheiro, ponto final»

Para aqueles que se desforram em críticas à acção do governo nas finanças - relembre-se o episódio Barroso vs. Caeiro - esquecendo o facto da nossa discricionariedade na matéria ser mínima, em virtude do memorando assinado em Maio último, recomenda-se a leitura do editorial de Ribeiro Ferreira, hoje, no i. Pese embora a data de 6 de Setembro, parece-me continuará actualizado no próximo solstício.

domingo, 4 de setembro de 2011

Avante 2011

No stand da Coreia do Norte da Festa vendiam-se bonitas pinturas de paisagens coreanas. Ainda pensei conversar um bocadinho com o senhor que lá estava mas rapidamente o meu instinto de sobrevivência levou-me a dizer apenas: que bonitas, sim senhor.

sábado, 3 de setembro de 2011

Avante 2011

EP's a €30 para o operariado?

Festa patrocinada por uma das maiores empresas privadas nacionais?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Finalmente, acabaram as férias!

Tem o polémico título a ver com o reinício da temporada oficial de futebol e com o fim desse mês e meio de jogos a feijões e de transferências que nunca chegam a ser.


Com a bola a rolar e como mero adepto (condição que nunca abandonei, mas a que retorno em singelo e com alegria), a minha primeira palavra vai, evidentemente, para a Académica: parece-me que se reforçou bem, a começar no que toca à equipa técnica. Seguindo o exemplo de Domingos, André Villas-Boas (não escondo o orgulho em ter desequilibrado a seu favor, numa escolha que podia ter ido para outro lado) e Jorge Costa (embora com passagem efémera), Pedro Emanuel percebeu a “personalidade” da Briosa e deu-lhe um jogo vistoso. Poderemos ter, por isso, uma boa época, assim os conimbricenses estejam à altura da sua equipa. Tudo isto com um orçamento cada vez menor!... Quanto ao Jamor, o meu sonho prossegue…


Sporting: afinal, Bruno Carvalho, ao invés do que disseram, não era o único demagogo. Entendo que a Direcção actual, com a ânsia de ganhar as eleições, não teve a moderação e o pudor necessários, num ano em que mudaram dirigentes, técnicos e mais de meia equipa. A bagunça nas bancadas vem disto e não de qualquer incapacidade de Domingos Paciência.


Porto: ou me engano muito, ou a coisa não vai correr tão bem, esta época. Não só a equipa está um nada mais fraca, como me parece que Victor Pereira não tem, nem de perto nem de longe, o carisma de alguns dos seus antecessores. Relembro que a estrutura portista requer vozes fortes. Não digo que não ganhem quase tudo a nível nacional, mas não vejo Europa ao fundo do túnel.


Vitória de Guimarães: falo apenas das recentes agressões a atletas, para dizer que já o esperava. Sucessivas direcções do Vitória e legiões de comentadores sempre acharam muita piada ao alegado espírito bairrista e guerreiro das claques vitorianas (que não confundo com o Clube, sublinho), quando era evidente que se tratavam, pelo menos em larga fatia, de grupos de jovens selvagens e com tendências delinquentes que, só mencionando o caso das visitas a Coimbra, sempre acharam muita piada a partirem cadeiras e, nos autocarros, a mostrar as nádegas a mulheres e crianças, rua fora (no fundo, qualquer um gosta de exibir a sua fonte de sabedoria, dirão os mais mordazes…). Para o bem de um grande emblema do nosso futebol, a Direcção acordou, embora tarde e a más horas.


Árbitros: a nossa arbitragem é má, mas isso não deveria surpreender ninguém! Nunca mais se acaba com o secretismo e compadrio das avaliações e (des)promoções, privilegiando quem deixe jogar e quem não tenha dualidade de critérios. A arbitragem portuguesa é timorata, bastando um exemplo clássico: se virado para a sua linha de fundo um defesa se deixar cair ante a proximidade de um avançado contrário, não há árbitro que não marque falta, para não correr o risco de haver um golo discutido. Mas não se enganem os “engenheiros” do futebol, pois a profissionalização só trará poiso para os “amigos”, introduzindo ainda mais dinheiro na equação. Convençamo-nos: o problema é do povo e não de qualquer classe, seja ela a dos políticos ou a dos árbitros.