sexta-feira, 28 de março de 2008

Sem saída

Lá fora ouvem-se palavras de ordem carregadas de angústia, a ponto de causar arrepios. O povo volta a sair à rua. Mesmo que não haja saída. Desta feita, os jovens assinalam o dia Internacional da Juventude com uma (oportuna) contestação às políticas de emprego. Os números mais recentes apontam - sem surpresas - para altíssimas taxas de desemprego e aumento do emprego precário, cenário que se agravará com as introduções ao novo Código do Trabalho. Mas Sócrates insiste em vender-nos um Portugal cor-de-rosa, de 150 mil empregos, de choques tecnológicos, flexisegurança e outros sound bites do género.
Alguém aqui ao lado pergunta com um ar nauseado se "aquela gente não tem mais que fazer?". "Se tivessem um trabalho estável com remuneração e condições dignas de certezinha não estariam a palmilhar meia Lisboa ao mesmo tempo que erguem cartazes e puxam pelos pulmões", apetece-me berrar-lhe. Eis a prova que há por aí muito português que não faz a menor ideia do que é desesperar por um emprego, ser-se mal pago mesmo quando se é altamente qualificado, não ter outra saída se não ser conivente com os malditos recibos verdes e tantas outras injustiças e humilhações a que as novas gerações estão inevitavelmente condenadas.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Das carteiras para o divã


Ainda a propósito do estado da Educação neste país, e confirmando as profecias do Ricardo, veio hoje o Governo anunciar medidas como, por exemplo, a contratação de técnicos para resolver os problemas graves de indisciplina nas escolas públicas. Não chamaram o Exército, como o nosso companheiro ali sugerira, mas socorreram-se de uma outra estirpe de salvadores da Pátria: os psicólogos. Mal ouvi isto, recordei um episódio recente de que tomei ocasional conhecimento e que muito me levou a meditar sobre o profissionalismo e a deontologia de alguns profissionais da área...

Atente-se: numa escola da região de Lisboa uma docente, ao deparar-se com um aluno de nove anos (!!) na posse uma arma branca, resolveu levar a criança até à psicóloga. Pois bem, esta "profissional" trocou umas palavras com o rapaz e apreendeu o objecto. Não obstante o sucesso da "intervenção", terminou com um recado à professora: "Isto que não se repita. Sou psicóloga dos alunos do Ensino Secundário e não do Básico".

Não quero cair na injustiça da generalização, mas já que ora anunciam os psicólogos como salvadores da pátria, não seria nada má ideia submetê-los a uma qualquer avaliação, na mesma linha do que querem fazer (e bem) aos professores. Pelo menos provariam que a novela das avaliações tem nobres objectivos e que não estão a usar os professores como bode expiatório dos males da Escola Pública.

terça-feira, 25 de março de 2008

Devolve o dinheiro à mãe, anda lá...


... o quê? Então mas eu dei-te a mesada para melhorares o aspecto do teu curral e tu metes-te nas borgas??? Mas tu estás parvo ou quê? *

"Portugal foi obrigado a devolver verbas cedidas por Bruxelas para projecto de preservação de aves..."


Os flamingos do Tejo. Aqueles que causaram tanto alarido nas organizações pró-ambientais aquando da construção da Ponte Vasco da Gama e afinal voltaram ao seu habitat natural.

Organizámos a Fundação para a Gestão Ambiental das Salinas do Samouco em 2000. Em 2004 temos o último relatório de trabalho referente ao ano anterior.

A partir daí as aplicações dos fundos cedidos pela Comissão Europeia são feitas sobre despesas correntes. Hoje não há sequer uns trocos para podas ( ! ) ou gasóleo ( ! ! ! ). "A sede da fudação [foi] vandalizada várias vezes e teve de ser encerrada por falta de dinheiro para a instalação de um alarme."
O projecto para estes últimos anos seria simplesmente:
  • intervenções nas salinas;
  • recuperação de comportas;
  • criação de ilhas artificiais;
  • acções de divulgação e sensibilização ambiental.
Não parece nada de extraordinário... Será necessário um organograma para explicar a relação entre protecção ambiental -> imagem limpa -> potencialidades turísticas que se estendem até às Lezírias ( ? )
760 mil euros, dos quais 380 mil de fundo perdido europeu. Fundo perdido... O que quer dizer que andámos a brincar. A coisa não correu mal - simplesmente não se deu.
"Portagens podem ser a solução" dizem. Uma pequena fracção das portagens da Ponte V. G.
A Lusoponte até poderia fazer um manguito a esta proposta, que não a censurava.

*Pode parecer brincadeira isto, mas morria de vergonha se fosse eu a devolver o cheque a qualquer burocrata europeu.

Paisagem natural viva

Mais de 100.00 espécies no Estuário do Tejo

Considerada uma das reservas naturais mais importantes da Europa...




segunda-feira, 24 de março de 2008

A Sra. Ministra ainda não chegou ao busílis

aqui comentei o infelicíssimo acontecimento na escola do Porto. No entanto, volto ao assunto porque lendo a página 6 da edição de ontem do Público, concluí que a Sra. Ministra ainda não percebeu qual é o debate que andamos a fazer.

A propósito do novo estatuto do aluno, vem a Ministra com o magnífico argumento que não impedirá situações como a que se viveu na escola Carolina Michaëlis porque, e passo a citar: “O Código da Estrada também não impede os acidentes”!

Importa explicar a esta Sra. Ministra que o que se pede é que a pedagogia assente num conjunto que normas e regras que responsabilize todos os envolvidos no processo de aprendizagem e não apenas os docentes.

Depois, por muito que lhe custe, ao Governo de que faz parte e ao PS, este caso, apesar de eminentemente disciplinar, também é político, porque vem dar luz à imagem de facilitismo atroz (e aqui o PSD esteve muito bem) que esta sra. tem ajudado a passar e que só não vê quem não quer, não é alheio a este tipo de casos.

É caso para dizer que assistimos a um faroeste sem Xerife.

Nota: no sentido de dar cor ao texto, recuperei um dos flyers que o Luís Correia, presidente CPC/JSD Coimbra me enviou por email, aquando da campanha da concelhia sobre o novo estatuto do aluno.

domingo, 23 de março de 2008

Só não acerto no Euromilhões...


Há dias, o Parlamento Russo recomendou ao Presidente e ao Primeiro-Ministro que estudassem o reconhecimento da independência da Abecásia e da Ossétia do Sul, ambas repúblicas separatistas da Geórgia.

A propósito da grosseira asneira de reconhecer a independência do Kosovo, para a qual, por várias vezes, alertei, os russos respondem, ficando por saber que pensam disto PS e PSD, já que, palpita-me, há nestas duas muito mais condições para se autonomizarem do que na província sérvia... O mesmo critério?! Se for assim, menos mal... O que suspeito é que o Presidente e o Secretário-Geral do PSD, bem como os críticos, achem que isto é uma minudência, quando comparado com o valor da quota e com o arregimentar de senhoras para parecer bem face à Lei.
Escapa, de momento, a Moldávia (onde fica a muitíssimo autónoma Transnístria), porque o governo de Chisinau, ao invés do executivo de Tbilisi, não afronta Moscovo.
Se virmos bem, é cinismo contra hipocrísia, pelo que fica tudo em casa, no sistema de relações internacionais.
E, nem por encomenda, a RTP passou, hoje, uma reportagem sobre duas portugueses que vivem em lados beligerantes do Kosovo. A nossa compatriota que vive na parte dominada pela Sérvia falou sobre o que quis, em português, durante horas; a portuguesa do lado albanês teve que ligar ao marido, sendo proíbida de falar (cultura local, disse o repórter), mas, ainda assim, acrescentando que ficou sem telemóvel (ordem do marido), desde que os últimos portugueses haviam visitado a aldeia. Sintomático...
Já agora: vai uma palavrinha do PS e do PSD sobre a independência do Tibete? 'Tá quieto!...

sábado, 22 de março de 2008

sexta-feira, 21 de março de 2008

O administrador do "Lodo" em grande forma

Quem acompanha este espaço desde os seus primórdios pode constatar o fervor e a paixão academista do Gonçalo, facto que o leva a integrar uma das listas candidatas ao próximo conclave do OAF/AAC.
Mas como não há bela sem senão, ainda para mais no meio da bola, um tal de Pompeu resolveu rematar tendo como baliza a coerência do nosso administrador.
Gonçalo, não leves a mal, mas a resposta merece subir ao prime-time do Lodo.

Gonçalo Capitão

Pompeu e os frangos

Pedindo desculpa ao insigne comedouro da Malaposta por fazer uma brincadeira com base no seu nome comercial, a verdade é que me parece o mais adequado para, com alegoria futebolística, abordar o artigo em que, na edição de 6ª feira passada do “Diário de Coimbra”, Fernando Pompeu aproveita (com correcção, reconheço, esperando que ele veja o mesmo nestas linhas), reportando-se à última Assembleia-Geral da Briosa, para depreciar a minha tomada de posição em favor da presunção de inocência que deve, à luz da Lei, beneficiar o Presidente, José Eduardo Simões.

A verdade é que o dito texto, espremido, tem pouco que se veja, parecendo que Fernando Pompeu (ex-dirigente da AAC, ao tempo de Campos Coroa, para efeitos de enquadramento do leitor) assegurou mal a sua defesa, dando o que na gíria se chama uma série de “frangos”.

Senão, vejamos: o título, em si, é indiciário da mistificação que o autor pretende criar; ao titular “A Briosa, os políticos e o Código Penal”, Pompeu pretende, como veremos, colar-me à minha intervenção política, procurando ficar com o penhor do academismo puro. É, pelo menos, o que se deduz quando, mais adiante, insinua – pese embora prometendo “dar a mão à palmatória”, em caso de erro – que não me viu defender Valentim Loureiro e Isaltino Morais, quando Marques Mendes, então líder do PSD, os afastou da candidatura pelo meu partido às eleições autárquicas de 2005.

Aqui, antes de mais, revela-se a falta de método e de trabalho do meu ilustre consócio. Bastaria uma busca no meu blog (já que, pelos vistos, não faz fé na minha coerência, de que tanto me orgulho), para ler que, a 6 de Maio daquele ano, escrevia que “o critério no eixo Isaltino – Valentim – Damasceno carece de explicação, uma vez que qualquer arguido beneficia da presunção de inocência, até trânsito em julgado da sentença condenatória, seja qual for o grau de suspeição” ( cfr. http://lodonocais.blogspot.com/2005/05/x-files.html). Ou seja, não só falei do assunto, como até acentuei a discriminação no caso da Edil de Leiria.

Porém, Fernando Pompeu pode ficar descansado pois não há palmatória tão tosca que mereça a desqualificação de lhe causticar as mãos, já que o objectivo era, desde sempre, lançar lama sobre a minha imaginada incoerência, sabendo que ninguém, de entre os que se dão ao suplício de o ler, faria a arqueologia política que ele próprio não quis fazer.
Convém, em segundo lugar, que se diga o que motivou a minha intervenção, se me é permitida a analepse: tudo se precipitou quando um estudante perguntou a José Eduardo Simões como se sentia com as suspeitas que sobre ele impendiam (não tendo dado o destaque que Pompeu, qual maquilhadora profissional, pretende afirmar que foi dado aos eventuais reflexos das ditas sobre a imagem da Académica). O tom e os termos da demanda insinuavam claramente uma opinião negativa sobre a permanência em funções do Presidente, não sendo claro o que o autor diz, quando sublinha que nem ele nem o estudante inquisidor alguma vez haviam posto em causa a presunção de inocência do engº Simões.

Mas ainda que a salvaguarda tivesse sido óbvia, várias aclarações seriam pedidas: como sabe o espírito da pergunta feita, presumindo eu, em abono de ambos, que não foi “encomendada”? E que resultados adviriam para a imagem da Briosa se, fazendo letra morta da sua história cívica impecável, se substituísse ao veredicto judicial, julgando antecipadamente o seu Presidente?

Eu próprio sublinhei que, na altura do conhecimento público dos factos, ponderei o assunto e, havendo concluído (enquanto Presidente do Conselho Fiscal) que nada de anómalo se podia vislumbrar nas contas da Briosa, decidira permanecer no posto. Foi também por isso que sublinhei que não falava como amigo do engº Simões (que não sou no sentido estrito do termo), facto aproveitado por Pompeu para erguer mais uma estaca do seu circo...

Mas, ainda podemos inquirir-nos um pouco mais sobre a fibra ética de Fernando Pompeu... Por que é que não dedica uma linha ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral? Efectivamente, o dr. Almeida Santos ainda foi mais longe do que eu, dizendo que não só defendia a presunção legal, como acreditava na inocência do engº Simões. Uns dirão, a este respeito, que Pompeu padece de falta de coragem, mas eu limito-me a registar, com tristeza, a fraca figura que fez...

Nota final (até porque, diga ele o que disser, daqui não há mais atenção, por muito que dela ande carente) para a última linha do famigerado artigo, onde Pompeu escreve “Porque não disse tudo isto na AG de ontem? Simples: o tal clima pré-comício do Engenheiro Simões teria ‘engolido’ as minhas palavras”. Ora, a mais de o ambiente ter sido cordato (nem o dr. Almeida Santos permitiria outra coisa) – mesmo quando a deselegância apareceu na forma da pergunta de que falei – tal demonstra bem a frontalidade de quem o escreve. E já que gosta de analisar, ainda que mal, o meu passado político, relembro que apoiei Santana Lopes, quando tal era “crime” no PSD, e que, no Congresso da Póvoa do Varzim, fui voz quase isolada no ataque à liderança de Marques Mendes. Eu não tenho medo do “clima”, por muito quente que seja, caro Fernando Pompeu...

Chamem o exército

Ultimamente temos sido assaltados por episódios que têm vindo a colocar a nossa educação e as nossas escolas num estado de descrédito profundo, tendo atingido o apogeu com as infelizes e brutais imagens da aluna do Porto.

Sendo certo que o acesso às novas tecnologias tem ajudado imenso, o problema reside, ao contrário do que alguns possam pensar e escrever, não nos telemóveis e muito menos na professora, mas sim em questões sociais e políticas profundas que se têm vindo a acentuar há já algum tempo.

Tem-se assistido, nos últimos anos, ao tirar do tapete debaixo dos pés dos professores por parte do poder político. A obtenção de um diploma de ensino secundário tornou-se uma banalidade por força de um sistema que só se preocupa com indicadores, em que as políticas que visam o crescimento económico são centradas no aumento de qualificações sem ser feito o trabalho prévio de preparar o terreno ao nível social.

Temos governantes que se limitam a afirmar que a vida de professor é difícil mas que pouco ou nada fazem para atenuar as dificuldades. Que se preocupam, por um lado em apertar o cinto aos docentes e pelo outro em flexibilizar o comportamento dos alunos. Ou seja, não lhes importa controlar comportamentos, mas sim resultados.

Mas voltando ao caso do Porto, deixa-me fulo e revoltado que venham dizer que a professora falhou, que não sabe gerir conflitos, que não se adaptou à mudança. Se considerarmos que se deverá pedir “por favor” a uma aluna para guardar o telemóvel até ao terminus da aula visto estar a perturbar o seu normal funcionamento, então aí sim, a professora falhou porque faltou com a devida vénia.

Falar na gestão de conflitos é claramente uma questão importante de se abordar, sendo uma temática que tem feito furor no prisma organizacional. Mas então e a formação? Os professores são formados nessa área? Tudo bem que há que flexibilizar comportamentos, no sentido de atenuar conflitos, mas então o controlo e as regras? Será só flexibilidade? Esquece-se tudo isto em nome das constantes evoluções do meio?
Há que ter a noção que o controlo (devidamente moderado, como é óbvio) é positivo porque confere ordem e estabilidade. Ao invés, a flexibilidade em demasia cria confusão, como é o caso.

Não estamos a falar de uma professora com incapacidade para controlar a sala de aula, nem perante alguém com falta de vocação ou preparação para cumprir as suas funções. Quando esse for o juízo perante as imagens que vimos então mais vale reconhecer que o nosso sistema de ensino falhou e que é preciso colocar o exército a dar aulas nas nossas escolas porque não há lugar para pessoas com diplomacia.

Nota: devido ao mediatismo da cena, vai uma aposta que o Governo virá nos próximos dias com medidas que visem o reforço da disciplina nas escolas? Marketing Político com o intuito de apaziguar o relacionamento com os professores, dirão uns, inevitável devido ao estado a que se chegou, dirão outros. Cá para mim será uma mistura de ambos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Que Educação?




Ainda estupefacta, faltam-me vocábulos para reagir a esta crueldade, pelo que socorro-me de um cliché: "há imagens que valem mais que mil palavras". E as que se podem ver no vídeo acima dizem mais do que qualquer um de nós imaginaria algum dia ver e ouvir. Eis a prova de que neste triste país, para lá da novela das avaliações, há muito a repensar em matéria de Educação.

Ps - O episódio ocorreu recentemente numa escola do Grande Porto, cabendo sublinhar que a primeira versão do vídeo que circulou no Youtube intitulava-se "9ºC em grande", tal era o orgulho dos jovens na façanha...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Nem oito, nem oitenta


A infindável novela "Madeleine McCann" conheceu hoje novos episódios. Numa manobra tão inédita quanto duvidosa, os tablóides britânicos fazem capa com um pedido de desculpas aos progenitores (custa-me aqui usar a palavra "pais"...) da criança cujo rasto, volvidos dez meses, ainda é uma incógnita. Acresce que ao pedido de desculpas junta-se um pagamento ao casal no valor de 700 mil euros.

É certo que actualmente muitos são os jornalistas que não medem as palavras e, neste caso em particular, muita tinta correu entre especulações, suposições e opiniões. Palavras desnecessárias, descabidas e infrutíferas ao sabor, resta saber se da insensatez ou do oportunismo.

O jornalistas bem sabem que, até prova em contrário, a Lei garante a presunção da inocência. Com efeito, parece-me que da mesma forma que é condenável terem-se arrogado ao direito de presumir a culpabilidade daqueles dois, igualmente se me afigura reprovável que, numa tentativa de "remediar o erro", venham afirmar categoricamente a sua inocência...

Mas já que estão numa de pedir desculpa, talvez não lhes ficasse nada mal dirigirem pedido idêntico (cheque incluído, sff) às autoridades do nosso país, cuja actuação criticaram sem apelo nem agravo, delas fazendo bode expiatório.
*
Adenda: já se escrevera nestas paragens lodosas sobre o "Caso McCann" - aqui, aqui e ainda aqui.

terça-feira, 18 de março de 2008

Divórcio Simplex

Entre 4 a 20 minutos é quanto pode demorar um processo de divórcio nos dias de hoje.
Na onda do "Simplex", surgiu um novo serviço na internet que permite obter o divórcio por mútuo acordo - a casais sem filhos e sem bens em comum - através de procedimentos simples e céleres.
O "Divórcio na Hora" não tem nem uma semana e já anda na boca do mundo. Mas opiniões não têm sido unânimes quanto aos aspectos deontológicos daquele serviço.
Há quem se congratule pela simplificação da burocracia inerente a este tipo de processos, visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Mas também há os que consideram que este "avanço tecnológico" põe em causa o contrato de casamento, que pela sua importância quer no seio familiar, quer na esfera social, não deve ser rescindido por mero "impulso".
E ainda quem acrescente mesmo que o serviço consubstancia uma espécie de "promoção" e facilitismo do divórcio, com o objectivo de angariação de clientes.
A verdade é que do Ministério da Justiça ao Instituto de Registos e Notariado, da Agência para a Modernização Administrativa até à Câmara dos Solicitadores, todos dizem demarcar-se deste inovador (e controverso) serviço. Ademais, a Associação Famílias veio acusar os responsáveis daquele por "acentuarem a derrocada da nossa cultura, da nossa civilização que assenta na família"... Quid Juris?

É de ver

segunda-feira, 17 de março de 2008

Mulheres Azuis

Pensei em chamar "Mulheres Laranjas" a este texto, mas dada a mudança de cores do PSD e como não quero se acusado de fazer o jogo do PS (destino comum para quem discorda, nos dias de hoje), obedeço militantemente.

Assuntos cromáticos (falo de cores e não de cromos, sublinho...) à parte, deixo uma duvida com gostinho a cicuta: partindo da premissa de que o movimento de militantes de sexo feminino do PSD tem sentido (eu acho uma menorização para as próprias), pergunto-me se não faria sentido, para que se não duvide do altruismo e da deontologia presentes, que as representantes máximas em cada distrito dissessem, à partida, que não são candidatas a deputadas, antes buscando outras mulheres que o possam ser...

Assim se combateriam as acusações veladas de que a guerra estalou, pois um lugar na nova estrutura dá acesso directo à "liga dos campeãs". Vai uma apostinha sobre o que vai suceder?

(Ainda) o maldito Acordo Ortográfico

"O governo quis cumprir calendário e assobia para o ar a fingir que não entende a asneira. O prejuízo será para a Economia Nacional. " Vasco Teixeira (in Expresso)

“As implicações que isso tem do ponto de vista económico acabam sempre por sobrar para os países mais pobres.” Mia Couto

“(...) porque, muito embora o PR não seja linguista nem filólogo (eu também não sou), bastaria um simples exercício de bom senso para se ver que o Acordo não assegura nenhuma espécie de unidade, antes vai tornar mais sensíveis as divergências..." Vasco Graça Moura

“Eu acho que se podia dispensar este acordo. Escrevo em português e penso que os portugueses vão continuar a escrever - sobretudo os da minha geração - no código em que foram ensinados. Na minha idade (84 anos), não vou agora mudar para uma ortografia - digamos comum”. Eduardo Lourenço
__

Ainda a propósito do Acordo Ortográfico, eis que constato que mais vozes se levantam contra este absurdo que nos impingiram já lá vão dezoito anos... Um bafiento tratado que, como bem dizem Vasco Teixeira e o escritor Mia Couto, vai prejudicar a Economia. À conta destes caprichos, esperam-se elevados custos: desde a adaptação de livros e dicionários à nova grafia, à re-aprendizagem ortográfica por parte de milhões de pessoas, ao desperdício de milhares de livros que o Governo acabou de adquirir para o Plano Nacional de Leitura e às bibliotecas escolares que terão que ser substituídas -porque não é concebível que as crianças aprendam uma grafia e a leiam outra diversa...

Não serve o argumento do aumento do prestígio internacional da língua (alguém me explica isto?) da mesma forma que também não serve argumento já debatido aqui, de que é desejável a unificação desta nossa língua ocidental que tem duas variantes ortográficas.

Se desde sempre isso ocorreu e nunca tal impossibilitou a comunicação entre as gentes da CPLP, por que raio invocam a “compreensão” como argumento?
Há décadas que devoramos as novelas da Globo e nunca ouvi ninguém queixar-se da compreensibilidade da trama.
Os brasileiros lêem - ou deverei escrever ‘leem’? – Saramago* sem qualquer tradução.
Querem melhores provas de que os entendemos bem?
Sem acordos, sem fusões, supressões e demais complicações!!

* Curiosamente, este é partidário do Acordo Ortográfico... - que mais se poderia esperar...?!

sábado, 15 de março de 2008

Sai mais um decreto-lei sobre a cor dos vernizes das senhoras sff

Surpreende-me a tentativa de regulamentação quanto à utilização de piercings em Portugal.

Língua e órgãos genitais? Não, não!

Tens menos de 18 anos? A mãezinha deixa? Mas é ilegal... hum? Hum? Ouviste? Ilegal!!! Buuuuuhhhh

O quê? Queres tatuar I love our PM? Ahhhhhh...

"Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley"
ManuChao "Clandestino"

sexta-feira, 14 de março de 2008

Primeiro-Ministro que se preze tem como mascote o anão Zangado...




Ainda bem que não sou a Branca de Neve...

Superprodução

Dentro do género, preferível a Apocalypto.

Bom filme!

Confesso que vi e que me fartei de rir...

Curioso

E não é sobre a última campanha presidencial portuguesa, apesar do título do filme e do resultado da dita...

Grande Momento

"Música: GNR grupo e Orquestra da GNR juntos ao vivo a 18 de Abril no Pavilhão Atlântico", lê-se no site da RTP.


Depois de, nos anos 80, a Guarda ter andado atrás do Grupo, por causa do uso do nome, eis um momento sui generis: GNR & GNR ao vivo!

Chamada à Selecção

Provando que o reforço do Plantel foi bem conseguido pela Administração da Lodo, S.A.D., eis que a nossa Marta é, desde finais de Fevereiro, Presidente da JSD de Felgueiras.


Continuando a apostar na formação, a nossa cantera confirmou mais uma valor para a laranja mecânica (a precisar de ir à revisão, se bem têm acompanhado as polémicas recentes).

Parabéns, Presidente!

Mais vale prevenir que remediar II

O estudo é da credível Faculdade de Medicina de Coimbra e as conclusões são deveras preocupantes: Um em cada dez estudantes universitários acha que a pílula protege da Sida. Cerca de 40% daqueles não usa o preservativo. 18% dos inquiridos revelou desconhecer os comportamentos de risco. E, last but not least, o preço dos preservativos é apontado por 13% como motivo do seu não uso.

Estes são os resultados mais assustadores do aludido estudo que vem comprovar a falta que faz a este país uma verdadeira política para a saúde pública na vertente de educação sexual e, particularmente, a necessidade de rever as traves mestras das políticas de prevenção da infecção do HIV.

Ainda recentemente foquei aqui os passos que se têm dado no sentido de promover a saúde e responsabilidade sexual, nomeadamente o da distribuição acessível e incondicional da pílula e de preservativos.

Mas se naquele post imputei exclusivamente a responsabilidade aos consecutivos detentores da pasta da Saúde e seus subalternos - de certa forma mitigando a culpa dos jovens - no presente caso o cenário muda ligeiramente. É que cabe atentar ao facto de estarmos a falar de estudantes universitários - a priori com nível intelectual superior a outras camadas da sociedade - logo, com o dever próprio de se manterem devidamente informados e de pautarem o seu comportamento com a mesma maturidade que frequentemente invocam noutros contextos...

Se os jovens universitários revelam estar mal informados e indiciam comportamentos de risco, que se passará com os demais grupos etários e de inferiores bases educacionais? ... A resposta deverá servir para alertar, de novo, aqueles que neste país insistem em preterir o "prevenir" pelo "remediar". Refiro-me não só aos governantes, respectivo ministério, instituições e profissionais de saúde, mas desta feita também ao cidadão comum. Este não pode, nem deve, passar a vida a recambiar a culpa para as aludidas entidades, porque também a ele lhe é exigível o conhecimento da realidade, atrevendo-me mesmo a considerar que a autoconsciencialização pode neste contexto configurar um dever cívico...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Vizinhança pacífica


Enquanto no Rato se festejam três anos de Poder (e decorrem os preparativos para outros tantos...), na Lapa entretêm-se com mudanças de visual (não é que desgoste, mas há outras prioridades!).
Sou partidária da paz, mas esta 'boa vizinhança' entre PS e PSD é sintomática e... custa-me a deglutir..!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Adjectivos, Superlativos, Quotas e Perspectivas


"O autarca portuense afirmou mesmo que as alterações promovidas pela liderança de Menezes são “graves e perigosas”, abrindo uma “porta à lavagem de dinheiro ao nível do financiamento partidário”.


"“Face às gravíssimas acusações do militante Rui Rio foi decidido solicitar ao Conselho de Jurisdição Nacional que promova a audição, com urgência, desse militante”, afirma a Comissão Permanente dos sociais-democratas. "


"(...) a direcção de Luís Filipe Menezes dá já como garantida a demissão de António Capucho da presidência da mesa da assembleia da secção de Cascais do PSD. “Tendo-se tomado conhecimento de que o presidente da mesa da assembleia da secção de Cascais anunciou a sua demissão face à aprovação de regulamentos, por larga maioria, no recente Conselho Nacional, a Comissão Permanente do PSD agradece os serviços prestados”."


"“O tema em causa tem mais relevância política do que aparenta. Trata-se do funcionamento interno dos partidos, que são um elemento decisivo para a qualidade da democracia. São eles que escolhem os deputados, os autarcas e os próprios candidatos a primeiro-ministro”, sustentou (Rui Rio). "


"Ribau Esteves explicou na primeira pessoa os procedimentos para o pagamento de quotas em dinheiro: "Quando eu pago com dinheiro a minha quota do ano de 12 euros, esse valor é acompanhado de um talão onde eu digo que paguei a minha quota referente ao ano de 2008 (...) e assino esse documento". "


"Marcelo Rebelo de Sousa fala de retrocesso no PSD."


"Pacheco Pereira contesta alterações aos regulamentos".


in Notícias.RTP.PT


Há dias diziam-me que "a democracia também acontece quando dez burros ganham a quatro iluminados". De facto não é um sistema perfeito, mas ser-se democrata é aceitar os resultados e não vale questionar a "qualidade da democracia" quando esses não são do nosso agrado. Vale, isso sim, discordar do resultado, porque o pluralismo alimenta a democracia. A forma de discordar deixo ao critério de cada um e à sanção da Jurisdição. Mas o conteúdo da discórdia interessa-me.

Esta questão deixa-me na dúvida sobre o que é essencial e o que é acessório.

Parece-me essencial facilitar o pagamento de quotas aos militantes e este regulamento cumpre essa finalidade. Por outro lado, os danos colaterais, que daqui possam advir, perigam o ético funcionamento do partido.


Tive oportunidade de conhecer vários militantes do PSD que pagaram as quotas tempestivamente e que não constaram nos cadernos eleitorais das últimas eleições directas. Cumpriram com o dever e não lhes foi permitido usufruir do direito de voto.


Concluo apenas o seguinte, se a perspectiva for a do benefício dos militantes, a questão da possibilidade de "abrir uma porta à lavagem de dinheiro" é uma negligência consciente. Se, ao contrário, a perspectiva foi a do benefício dos que pretendem lavar dinheiro à custa do PSD, então trata-se de dolo.


Sejamos então honestos, os que acreditam no dolo "raise your hands" e assumam as dúvidas sérias que têm acerca daqueles que rodeiam o líder. Porque não faz sentido falar de possibilidades remotas, mas sim de fortes probabilidades.

As nossas raízes



Golpes se dão medonhos e forçosos;

Por toda a parte andava acesa a guerra:
Mas o de Luso arnês, couraça e malha
Rompe, corta, desfaz, abola e talha.


Batalha de Ourique, estrofe 51 do Canto III
"Os Lusíadas" Luís Vaz de Camões

A minha pátria é a língua portuguesa ; )


terça-feira, 11 de março de 2008

A minha pátria ERA a língua portuguesa... *

Não são só os relatos da ASAE que me dão a volta ao estômago. Também uma notícia recente me tem dado algumas náuseas: reporto-me ao anúncio da entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em 2014, iniciando-se ora o denominado "período de transição".
Ainda há pouco tempo comemorámos o Dia Internacional da Língua Materna e o Lodo - numa de serviço público - instava-nos a "falar e escrever em bom português". Contudo, a verdadeira e singular língua portuguesa tem agora os dias contados e, consequentemente, acabaram-se os motivos para a celebrar.
É que parece que a peculiariedade de se tratar do único idioma que dispunha de duas normas ortográficas incomoda muita gente. E vai daí, em prol da "unidade essencial à lingua portuguesa" e numa busca desesperada por uma ortografia simplificada rendemo-nos (e vendemo-nos) ao país irmão, acabando por suprimir muito do cariz etimológico da língua de Camões.

Para terem um breve ideia do quão repugnante será a nossa escrita daqui a pouco tempo, aqui vão alguns exemplos:

aspecto --> aspeto
facto --> fato
acção --> ação
óptimo --> ótimo
húmido --> úmido
lêem --> leem
arqui-inimigo --> arquiinimigo (sim, doi ii's seguidos!!)
...

* Se fosse vivo, Fernando Pessoa desculpar-me-ia pela indevida apropriação e distorção da sua frase, mas perante tamanha afronta à língua portuguesa, quase que juraria que o poeta me subscreveria!

Dispersão de capital social

Lia-se no Diário de Notícias, de sábado, que "Com Pedro Duarte, Ana Zita fundou há anos um grupo de reflexão que voltou a reunir-se recentemente e que fez correr muita tinta nos jornais. Ana Sofia Bettencourt e Gonçalo Capitão (ex-vereadora da CML e ex-deputado) são dois dos membros do grupo de Ana Zita e de Pedro Duarte".
O malandro vendeu 50% do capital social e não informou a malta...


P.S.: Desculpa, mas não resisti, Zita :)

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pluralismo

Estava aqui a congratular-me pela defesa do pluralismo democrático quando resolvi investigar isto.
E agora já não sei. Deverão ser impostos limites programáticos na constituição de novos partidos políticos?

Profs

Mais importante que averiguar a situação dos agentes da PSP quanto às alegadas tentativas de intimidação junto da classe professoral portuguesa deverá ser para os partidos da oposição tirar o sumo das motivações para o descontentamento destes.

Assim, em vez de assistirmos à prática demagógica que o executivo tão bem sabe contrariar e desacreditar em assembleia, talvez o possamos confrontar com alternativas profícuas, que passam pela elaboração de propostas de lei dentro das comissões parlamentares ou até mesmo de documentos estratégicos partidários, já a pensar em 2009.
Isto claro está, enquanto os senhores agentes não tiverem a caneta azul.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Bendita ASAE!

Uns fazem-lhe vénia, outros vaiam-na.
Para o bem ou para o mal, tem sido a autoridade mais mediatizada neste país nos últimos tempos. Falo da ASAE e da visibilidade da sua actuação, que muita tinta tem feito correr. Tal não me admira muito: afinal é típico do português criticar os que mostram trabalho.
E que trabalho!
Para quem tiver estômago, sugiro a leitura da última edição da revista Sábado.

O título já diz muito: "Os casos mais chocantes que a ASAE descobre".
E eu posso adiantar-vos mais qualquer coisinha: ratos numa panificação, pão feito com água de esgoto, larvas em carne pronta a servir e até um hotel na Linha que cozinhava um banquete ao mesmo tempo que as obras progrediam na cozinha... (!!)
É certo que somos livres de pôr em causa os critérios de prioridade das áreas de actuação daquela autoridade, bem como de questionar os seus métodos...mas a verdade é que já estava na hora de termos uma autoridade alimentar que se mexesse e que garantisse efectivamente a protecção da saúde pública.
Eu cá prefiro ver-me privada de beber uma ginginha do rossio, de comer uma bola de berlim na praia, de degustar um bitoque às tantas da manhã no Galeto..... que consumir produtos cuja proveniência ou elaboração eu achava que não ocorreria nem ao mais sórdido dos seres.

"Cardozo, tu não sabias…???"


Cardozo, avançado do SLB, ficou a saber ontem e da pior forma, que dar "cotoveladas" nos adversários dá direito a vermelho e automática expulsão.

Bem que podia ter aprendido a lição no jogo da última jornada do campeonato, Sporting-Benfica, num lance disputado com Tonel… não fosse o arbitro “bom” Paraty…

quarta-feira, 5 de março de 2008

Olha, olha...


Para os que duvidavam do orgulho de “nuestro irmano” José Saramago em ser português , aqui está a prova :

O incontestável prémio Nobel aparece num vídeo de apoio à reeleição de Zapatero, entre outros nomes da “cultura e sociedade espanhola” – noticia sic.

Novo partido político em Portugal


Nasceu em Setembro o movimento "Mérito e Sociedade" que se pretende formar em partido político até às legislativas de 2009. Hoje vários voluntários estiveram nas escolas a recolher algumas das 7500 assinaturas para a formalização do movimento e a primeira dúvida que se formou na cabecinha cá da malta foi: são de esquerda ou de direita? A resposta está no sítio: "O MMS não se revê nessa lateralidade. Essa fragmentação não é saudável ao desenvolvimento social e económico de Portugal."
Depois dos partidos permanentes liberais de quadros e dos doutrinários que povoaram décadas e décadas o espectro político português, não conseguindo fidelizar fatias do eleitorado flutuante a resposta surge quase naturalmente numa coisa nova a que até poderemos chamar de "partido funcional".
Aqui ficam algumas peças-chave dos valores defendidos pelo MMS (até tem um nome catita):
  • Contribuir para a construção de uma sociedade livre, justa, pluralista, humanista, segura, pacifica, desenvolvida, solidária e ambientalmente equilibrada.
  • Propor para a arquitectura de funcionamento e administração da sociedade, modelos assentes na cultura do mérito e responsabilidade.
Personalista, assente na identidade humana. Liberal, portanto.
Não?

(A bem da democracia em Portugal, desejo o maior dos sucessos na criação do MMS. Às vezes até aos cinzentões do centro um susto assim dá saúde.)

Viva o pluralismo!

terça-feira, 4 de março de 2008

Político = Macho

Chamaram a minha atenção para uma notícia de meados do mês passado, segundo a qual a Inspecção-Geral do Trabalho, entre outras, definiu como prioridade para 2008 o combate ao assédio sexual.

Já não era sem tempo, já que a justificação de que somos um país latino só serve para desculpabilizar um dos mais gritantes focos de terceiro-mundismo de uma sociedade que quer ser europeia de pleno direito. Felizmente, já passaram vários anos desde que um juiz pode dar-se ao luxo de justificar uma violação a uma estrangeira, no Algarve, com o facto de aquela dever ter percebido que estava na "coutada do macho latino"!...

O artigo 24º do Código do Trabalho dispõe que:
"(...)2 - Entende-se por assédio todo o comportamento indesejado relacionado com um dos factores indicados no n.º 1 do artigo anterior, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objectivo ou o efeito de afectar a dignidade da pessoa ou criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.

3 - Constitui, em especial, assédio todo o comportamento indesejado de carácter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objectivo ou o efeito referidos no número anterior.".

O facto é que, quem ande na política (algo que deve repercutir-se em outros locais de trabalho, suponho, apesar de vir de um meio empresarial saudável nesse respeito) vê, porque de "poder" falamos (quando, a meu ver, seria ideal falar de "dever"), tipos que, por terem sido eleitos ou nomeados para qualquer lugar (por menor que seja, bastando um gabinete), julgam que ficaram extremamente bonitos e sedutores.

E se é certo que haverá mulheres que, por vulnerabilidade ou ambição, ocasionalmente, cedem aos reptos, inelutável é o facto de não poder tomar-se a nuvem por Juno e de jamais essas cedências justificarem um comportamento que é eticamente condenável.

Aliás, a relativa complacência que temos para com formas de assédio sexual que vemos como banais revela bem o quão retrógrada ainda é a nossa sociedade. Se há coisa que sempre aconselhei durante o meu percurso numa juventude partidária (JSD) foi respeito para com as colegas enquanto actrizes políticas, devendo todo o acto de intimidade ser livremente consentido e bem separado de benefícios ou prejuízos. Considerei sempre, acrescento, humilhante para o próprio homem (porque é ele, regra geral, o assediador) todo o favor sexual que é obtido por utilização de uma relação de supremacia hierárquica. E, como dizia alguém com quem trabalho, "fica por saber o que fariam os mesmos se as suas mulheres e namoradas sofressem o mesmo tratamento". Casanovas de sarjeta, digo eu...

Mas tudo isto valerá pouco se pensarmos nas degradantes formas sob as quais, no próprio epicentro do que deveria ser um santuário de correcção - falo do poder político - se vai fazendo uso da vulnerabilidade de algumas subordinadas... Desde o pedido ostensivo de contactos telefónicos pessoais, ao agarrar de mãos, quando se pede para que se entregue um objecto, passando por despropositadas chamadas a gabinetes, por contactos físicos mais ostensivos do que o mencionado e chegando, em caso extremo, a chantagem e violação, de tudo se vai ouvindo, com generalizada e vergonhosa impunidade.

E se, no passado cheguei a ter a esperança de que fosse assunto que desapareceria com as gerações mais antigas, creio que a brutalidade dos dias hoje tornou as pessoas mais bestiais e insensíveis e ouço dizer que, da geração que, hoje, anda na casa dos quarenta anos à que ainda não perfez trinta, a coisa se perpétua, seja sob as vestes de quem, aliando o poder a um putativo charme, pisca o olho e sorri, enquanto assedia, seja sob a forma do recado que chega por um ou uma colega ou ainda adoptando a feição do mais grosseiro “xeque-mate”.

Nunca fui, não sou e espero não vir a ser santo ou sequer pregador, mas entendo que há comportamentos que devem ser erradicados, na medida em que lesam o País, afectando a produtividade, mas, mais importante, ferindo a dignidade de cidadãos, não se resumindo, como poderia supor-se pelo destaque concedido, à humilhação sexual, mas também a formas raciais, religiosas, políticas (sei bem do que falo e muito me custou, em tempos idos) ou outras.

Se há serviço patriótico, esta missão a que se propõe a entidade inspectiva do Estado para as questões laborais é-o, indubitavelmente. Ganhar este combate é modernizar o País. Tão “simplex” quanto isto…

Doença do optimismo =)

Depois do debate da semana passada na RTP que colocou frente a frente Professores e Ministra da Educação, os meus sentimentos de desilusão e pessimismo enquanto professora foram avivados e trouxeram-me a este blog para escrever um longo “manifesto de revolta” que aguardava respostas miraculosas, as quais obviamente não surgiram. De facto, não é fácil encontrar uma solução para a crise que a Educação atravessa neste momento. Não é fácil também encontrar a fórmula mágica que vai levar a um entendimento entre todas as partes envolvidas no processo. A “batalha” travada pelos Professores em manifestações que mobilizam milhares de profissionais da educação é sinal de que algo não está bem, isso é fácil entender. Também é fácil entender que as reformas são necessárias para que a Educação alcance o patamar de estabilidade e segurança necessário para proporcionar o melhor aos alunos e ao futuro do país. A questão é perceber quais as medidas adequadas que devem ser implementadas e quais as medidas que não devem prosseguir.

Uma semana depois do confronto entre Ministra e Professores surgiu um novo debate que avivou em mim sentimentos opostos. Desta vez a esperança e o optimismo foram o mote de alguns dos convidados de Fátima Campos Ferreira no Prós & Contras sobre a Educação na hora da verdade. Finalmente uma luz ao fundo do túnel. Aqui ficam algumas afirmações interessantes e importantes de referir.

“Só há uma doença que deve afectar todos os professores, é a doença do optimismo.”

“A Educação serve para dar instrumentos de felicidade.”

“O respeito pelos professores é um valor moral. O Governo deve recuar.”

João Lobo Antunes

“Não se colocam os professores como incompetentes.”

“As reformas só se fazem com consenso.”
Carlos Coelho

Eu acredito que a solução passe por reavivar sentimentos de confiança e optimismo nos Professores, para que acreditem que é possível inverter esta situação de pessimismo e desânimo. Isto aplica-se não só à Educação mas ao país em geral. Nós, Portugueses, precisamos de acreditar que nos podemos superar a nós próprios, como alguém dizia no debate. João Lobo Antunes afirmava que “o pessimismo é uma profecia que se cumpre”, por isso não vai ajudar em nada este sentimento de pessimismo que se instalou entre os Portugueses. Temos de transformar o “difuso mal estar” em difuso bem estar para ultrapassar as dificuldades que o nosso país atravessa. É preciso pensar em tudo de bom que os Portugueses conseguem fazer e alcançar, para lutar contra os males da sociedade que “corrompem” tantas vezes aquilo em que verdadeiramente acreditamos. Para tudo é preciso haver equilíbrio, mas de facto até agora o negativismo não tem ajudado. Eu quero acreditar no poder do pensamento positivo! :)

segunda-feira, 3 de março de 2008

Internet - o Mundo na mão ou... nas mãos do Mundo?


A propósito de controlo da informação e precisamente uma semana depois do governo do Paquistão ter vedado o acesso ao Youtube alegando razões ideológicas – leia-se: os cartoons de Maomé.... - tomei conhecimento (via The Economist) de um estudo levado a cabo pelo OpenNet Initiative sobre o controlo que os países exercem sobre os conteúdos acessíveis na Internet.

Segundo aquele centro de investigação, o número de países que limitam o acesso à Internet tem aumentado nos último anos e os argumentos são mais que muitos: protecção de direitos humanos e protecção dos direitos de propriedade, razões de segurança nacional, preservação de valores culturais e religiosos, etc.

Conclusão: o que se vê (bem como o que não se pode ver) na Internet é decisão que está nas mãos do senhores do Poder. Se isto até pode fazer sentido quando falamos, por exemplo, de pornografia infantil ou sites de organizações terroristas, que dizer de restrições descabidas, como o aludido caso do Paquistão que – por capricho fundamentalista - originou o bloqueio global do maior portal de partilha de vídeos?

A Internet pode ser um terreno lodoso, é certo. Mas até que ponto devem os governos interferir na liberdade de informação e de expressão quando o argumento é de índole político-social ou religiosa? E até que ponto não se poderá falar em info-exclusão ao negar-se a um cidadão num determinado ponto do Globo o acesso ou a publicação de conteúdos que são do seu interesse?

clickar sobre a imagem para aumentar
O caso da China tem sido dos mais mediatizados, mormente desde que vigora um regulamento cheiínho de restrições no acesso à Internet, o qual prevê que os fóruns de discussão sejam constantemente examinados por comissões específicas e onde a palavra “democracia” não pode ser publicada.

Não é por puro acaso que os países mais visados nos mapas traçados pelo aludido estudo são os correspondentes ao Norte África, Médio-Oriente e Ásia. Mas não se caia na veleidade de achar que o controlo ideológico só ocorre em países terceiro-mundistas, cujos sistemas políticos estão longe de poder ser denominados de 'democracia'.

Até porque nesta aldeia global, são muitas as ‘casas’ com telhados de vidro...Veja-se o flagrante caso dos EUA, quando o Pentágono resolveu impor a proibição aos soldados americanos em missão no Iraque de criarem blogs.

Por conseguinte, vale bem a pena analisar minuciosamente os mapas e debruçarmo-nos sobre as pertinentes conclusões aqui. Antes que seja tarde de mais, que é como quem diz, antes que alguém nos negue o acesso a tal informação....

Pelo andar da carruagem, lá chegaremos (outra vez...)




Dmitri Medvedev (ou seja Vladimir Putin) ganhou com 71%...

De facto, uma tremenda representação!

sábado, 1 de março de 2008

Subtil Publicidade

Reportando-me de novo à RTP e à supressão da publicidade do canal público sugerida por Luís Filipe Menezes, ocorreu-me:
e controlar este tipo de publicidade, não?!
Até quando a governamentalização da informação na estação pública?
Para quando sinais claros de independência, isenção e autonomia?