sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Sectários do estrado

Passados alguns dias, podemos pensar melhor sobre a "sugestão-que-não-foi-sugestão" de Cavaco Silva, para que se contemplasse, na orgânica do Governo, um Secretário de Estado que acompanhasse as empresas estrangeiras, assim se procurando evitar a sua busca de outras paragens mais rentáveis.
Depois de várias nuances do próprio sobre o que queria e não queria dizer, fica-me a sensação de que só sendo "anjinho" se não conclui que se tratou de um tiro à proa do Executivo.
Vendo o percurso de Cavaco Silva, diria que é expectável que, nas reuniões com o Primeiro-Ministro, venha a dar sugestões do género, embora, respeitando o seu institucionalismo espartano, não venhamos a saber das mesmas.
Entendido que é em questões económicas, o mais do que provável Presidente da República tudo fará para, na sua óptica, ajudar a relançar o País, e o Governo ganhará um aliado que, desde logo por impreparação ou extremismo, não teria em qualquer dos challangers do Professor.
Mas vamos ao alarido oportunista das outras candidaturas: pode ou não um Presidente sugerir tal coisa?
Não só pode como deve, dado que não temos um sistema parlamentarista, mas sim semi-presidencialista, onde o mesmo Chefe de Estado que pode dirigir mensagens ao País e à Assembleia da República, e fazer juizos políticos sobre diplomas do Governo, através do veto(a meu ver trata-se de um poder excessivo, mas que a tão "amada" Constituição consagra), deve poder dar sugestões, claro está, com a reserva devida.
Cavaco avisou Sócrates e Mendes do que podem esperar e, sem querer armar-me em psicanalista, entendo que fez bem, jogando "limpo".
E, já agora, que mal tem, se o objectivo é buscar soluções para o desemprego?
Triste País este em que os candidatos se reduzem a comentadores e em que os media não vão ao cerne das questões, limitando-se a amplificar o ruído...

1 comentário:

Gonçalo Capitão disse...

Ora bem, meus queridos e exagerados Amigos:

Mais do que "tomar conta", do que eu gostava era de contribuir para a melhoria do debate político, numa Cidade que já deu relevantíssimas figuras ao Estado, à Cultura e às Ciências (aqui, valha a verdade, é onde ainda vamos disputando a palma), dentro daquilo que são as minhas moderadas capacidades (tenho limitações óbvias, patentes no facto de não ter uma legião de "filiados" cegamente às ordens, algo que considero um atentado ao debate puro).

Porém, como está dito, estou em Lisboa; sei, aliás, que, consultado por um amigo sobre uma lista de delegados ao congresso, embora sem sermão encomendado por mim, o presidente concelhio ter-me-á mandado "ir por Lisboa"... A verdade é que foi em Coimbra que nasci, vivi ininterruptamente 30 dos meus 34 anos, é cá pago impostos, que estou a comprar a minha casa, que sigo a Briosa (embora também acompanhe os jogos fora)e, para o que aos "donos" do PSD-Coimbra possa importar, fui sempre filiado por cá, mesmo enquanto deputado por Lisboa.

Porque não procuro entrar no debate?
Resposta mais banal não há: é que, apesar de seguir a vida da cidade, diariamente, não consegui ainda arranjar trabalho equivalente (nem mais um cêntimo precisaria) por cá. Se um dia o conseguir, recomendo "aspirinas" a certa gente que não tem dias de vida que cheguem para pagar o mal que fizeram à vida cívica de Coimbra.
Até lá, é um sonho meu...